Conselhos de um vencedor do Nobel, nascido no Brasil, para jovens cientistas

Premiado em Medicina, Peter Medawar escreveu livros que apresentavam a atividade científica para os jovens

 28/08/2019 - Publicado há 5 anos

A dedicação de um cientista nascido no Brasil, premiado com o Nobel de Medicina, para despertar o interesse pela ciência entre os jovens é o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “Boa parte de nossa população ignora que há ciência de alta qualidade, com grande reconhecimento internacional, realizada no Brasil, por cientistas brasileiros. Quando fazemos essa afirmação é frequente ouvirmos que, se fôssemos realmente bons, algum cientista nascido no Brasil já teria sido contemplado com o Prêmio Nobel”, afirma. “Poucos sabem que isso já ocorreu, apesar de já ter sido divulgado em reportagens na TV Globo e em discurso de um deputado no Congresso Nacional. Em 1960, um dos dois laureados com o Prêmio Nobel de Medicina foi Peter Brian Medawar, nascido em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1915.”

Medawar, filho de um libanês naturalizado britânico, mudou-se para o Reino Unido aos 14 anos, onde formou-se em Zoologia e realizou pesquisas sobre crescimento de tecidos. As descobertas sobre resposta imunológica foram de extrema importância para o desenvolvimento de técnicas de transplante de órgãos. “Além de ter sido um grande cientista, Medawar também foi um prolífico autor de livros sobre a atividade científica e sobre aspectos filosóficos da ciência”, conta Nussenzveig. “Nesses tempos em que o conhecimento científico tem sido menosprezado em diversas partes do mundo, e com a escassez atual de financiamento para a ciência em nosso país, tenho especial preocupação com o impacto dessa realidade sobre os jovens cientistas.”

O físico cita um trecho do livro Conselhos para um jovem cientista, publicado em 1979, em que Medawar busca desmistificar várias características da ciência e daqueles que se dedicam a fazer ciência: “Cientistas iniciantes devem buscar resistir até descobrir se as recompensas de uma vida dedicada à ciência são suficientes para compensar as decepções e o trabalho duro que enfrentarão; mas, se tiverem a boa fortuna de experimentar o júbilo de uma descoberta e a satisfação de conduzir um experimento especialmente delicado – uma vez que sintam aquilo que Freud chamou de sentimento oceânico, que é a recompensa por qualquer avanço real em nossa compreensão da natureza – então são fisgados para sempre e nenhum outro modo de vida será suficiente”.

Ouça no link acima a íntegra da coluna Ciência e Cientistas.


Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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