Como fica a Itália depois do “não” às reformas constitucionais

A proposta de reforma tinha um cunho centralizador e o objetivo de reduzir custos e de promover um enxugamento fiscal

 07/12/2016 - Publicado há 7 anos

Acompanhe a entrevista do repórter Gustavo Xavier com a professora Maria Antonieta Del Tedesco Lins, do Instituto de Relações Internacionais da USP:

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Propaganda sobre o referendo constitucional de 2016 na Itália - Foto: Wikimedia Commons
Propaganda sobre o referendo constitucional de 2016 na Itália – Foto: Wikimedia Commons

Em referendo realizado no último domingo (4), a Itália disse não à proposta de reforma constitucional do primeiro-ministro Matteo Renzi. O resultado da consulta popular levou à renúncia do premiê, que havia vinculado sua permanência no cargo ao que os eleitores decidissem. Cerca de 60% dos eleitores foram às urnas.

A proposta central das reformas era reduzir funções políticas e administrativas, incluindo uma diminuição no número de senadores, a supressão do chamado Conselho Nacional de Economia e Trabalho e a revisão do título 5 da Constituição, que reza sobre a competência do Estado. A professora Maria Antonieta Del Tedesco Lins, em entrevista à Rádio USP, diz que as propostas tinham o objetivo de reduzir custos e promover um ajuste fiscal.

Ocorre que os países europeus que mais sofreram com a crise de 2010 passaram, de acordo com a professora, a viver crises políticas e sociais importantes, dada a necessidade da realização de reformas. Para piorar, o governo do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi encontrava-se bastante fragilizado e com a popularidade em baixa. Portanto, o referendo também foi uma forma – que acabou sendo frustrada – de legitimar a força política do governo.

Seja como for, há o temor de que a atual instabilidade política na Itália abra espaço para as formações populistas e reforce os grupos que apoiam o rompimento com a Comunidade Europeia. A professora Maria Antonieta admite que é mais um golpe sofrido pelo bloco europeu, embora não se possa afirmar que a Europa esteja se encaminhando para a extrema direita e que o bloco europeu vá sofrer fissuras irreparáveis. O momento, porém, é de crise.

 


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