“O presidente Bolsonaro, se sentindo fortalecido pela aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara, está radicalizando uma ofensiva contra diversas instituições de controle.” A opinião do cientista político André Singer tem como alvo a declaração dada ontem (21), pelo chefe do governo, segundo a qual a Receita Federal tem problemas e estes se resolvem com a troca de pessoas. Nesse rol, também entram instituições como a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República. Para Singer, tal ofensiva é muito grave, porque, na verdade, afeta um mecanismo fundamental da democracia, já que a uma parte das instituições cabe controlar as outras.
“Se você retira o poder fiscalizatório, o poder de controle das instituições, você passa a ter um poder Executivo que não tem limite – isso é o caminho reto para o autoritarismo”, afirma Singer. Essa intenção, no entanto, não fica clara para a maior parte do eleitorado, o que eleva a gravidade de todo esse episódio. Resta saber como as instituições vão reagir a essa ofensiva, que tem um momento-chave na indicação do filho do presidente para o cargo de embaixador em Washington, algo inédito, já que Eduardo Bolsonaro, na opinião do colunista, não tem habilidade suficiente para exercer um cargo numa embaixada crucial para os interesses do Brasil. No entanto, caberá ao Senado “descascar” esse abacaxi.
Acompanhe, pelo link acima, a íntegra da coluna Poder e Contrapoder.
Poder e Contrapoder
A coluna Poder e Contrapoder, com o professor André Singer, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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