Colesterol elevado hereditário afeta uma a cada duas pessoas da família

Raul Santos diz que o risco de infarto é identificado através de exame de imagem e cálculo de idade vascular do paciente

 11/12/2019 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 13/12/2019 as 12:04
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Foi apresentado no Scientific Sessions, da American Heart Association (AHA), evento que ocorreu nos Estados Unidos, uma pesquisa sobre hipercolesterolemia familiar, doença silenciosa hereditária que altera o processo de remoção do colesterol do sangue. A doença pode desencadear até 20 vezes mais distúrbios cardíacos e atingir pessoas que possuem a doença até 20 anos mais cedo que a população em geral.

O estudo sobre o tema é resultado de mais de duas décadas de pesquisa. Raul Santos, médico do Departamento de Cardio-Pneumonia e diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, falou ao Jornal da USP no Ar sobre o Hipercol Brasil, programa de diagnóstico genético e de tratamento de pessoas com a doença, e explicou sua importância.

O pesquisador explica que uma em cada 250 pessoas são afetadas pelo problema na população geral. No entanto, em famílias que possuem histórico da doença, uma a cada duas pessoas será afetada. A pessoa nasce com o colesterol com valores duas a quatro vezes superiores que o comum e possui maiores chances de ter infarto no miocárdio, angina ou necessidade de ponte de safena e angioplastia.

Foto: Lightwise/123RF

Nos últimos dez anos foi possível avançar nos estudos da doença por conta do Hipercol Brasil, que já avaliou 5 mil pessoas, a maior parte do Estado de São Paulo, e diagnosticou 1,5 mil casos, encaminhando o paciente para tratamento no Incor. Além disso, após o diagnóstico positivo, a família da pessoa é convidada a fazer o teste genético, o que é conhecido por triagem cascata, e acaba identificando o problema em outras pessoas e expandindo o tratamento. Também pode ser feita a prevenção com remédios para diminuir o colesterol, associados a dieta, que, sozinha, nem sempre é suficiente. O LDL, colesterol ruim, tem seu valor normal de 110mg/dl e uma pessoa com hipercolesterolemia alcança o valor de 300mg/ld.

Há uma maneira de identificar o risco de a pessoa desenvolver problemas cardíacos. Com uma tomografia cardíaca, identificam-se placas de aterosclerose ー de gordura ー que entopem as artérias em pessoas assintomáticas. O exame detecta a calcificação nos vasos, sendo diretamente proporcional, ou seja, quanto mais cálcio, mais placas, e quanto mais placas, maior o risco de infarto. Uma pessoa com idade biológica de 40 anos, mas com a coronária repleta de cálcio, apresenta idade vascular de alguém de 70 anos.

No projeto, identificou-se que 20% dos pacientes tiveram algum tipo de evento cardiovascular no passado. Além disso, já estão tratando a terceira geração de algumas famílias e o tratamento foi gradualmente evoluindo. O médico reforça que há muitas notícias falsas na mídia sobre colesterol, como a inutilidade de remédios e diminuição de seu risco, mas isso não deve ser levado em consideração. Para ter informações corretas é importante procurar um médico e seguir suas prescrições.

Ouça a entrevista no player acima.


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