Casos graves de sepse causados pelo coronavírus podem ser evitados

Fernando de Queiroz Cunha aponta eficácia de medicamento já disponível no mercado para o tratamento da inflamação generalizada

 19/01/2022 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 20/01/2022 às 13:10

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Foto: Agência Brasil

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Pesquisadores da Universidade de São Paulo encontram, em um medicamento já existente no mercado, uma nova alternativa para o tratamento da sepse. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Fernando de Queiroz Cunha, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, comenta os riscos da doença, potencializada pelo período pandêmico.

Fernando de Queiroz Cunha – Foto: IEA-USP

A todo momento, o corpo humano produz respostas inflamatórias silenciosas para impedir a circulação de bactérias, fungos e vírus que foram inalados ou ingeridos na alimentação. Fatores como a baixa imunidade, no entanto, diminuem a capacidade de proteção do corpo e facilitam a passagem de microrganismos para a corrente sanguínea. Nessa situação, “a resposta inflamatória se torna generalizada, uma condição conhecida como sepse”, explica Cunha. Na tentativa de controlar tal inflamação, o sistema imunológico acaba lesionando o próprio organismo. 

Sepse e o coronavírus

A infecção pela covid-19 pode resultar em um caso de sepse, afirma o professor. “O coronavírus é, sim, capaz de gerar inflamações generalizadas, que atingem principalmente o pulmão”, diz, e completa: “Nosso laboratório de pesquisa passou a investigar características específicas da covid para, então, pensar em possíveis tratamentos”.

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O estudo revelou que o coronavírus estimula a circulação de neutrófilos e leucócitos, componentes do sangue que liberam substâncias nocivas dentro dos pulmões. Tal liberação pode ser evitada através da inibição da gasdermina, molécula que forma poros na membrana celular, no organismo. Para tanto, o professor Cunha revela que uma droga tipicamente utilizada no tratamento da dependência de álcool é eficaz: o medicamento Dissulfiram.

“Infectamos camundongos com covid e tratamos os que desenvolveram sepse com Dissulfiram. Funciona, a droga teve efeito protetor em 80% dos casos”, expõe Cunha. A descoberta pode evitar complicações graves da sepse em pacientes de covid-19, mas o médico destaca que a melhor maneira de prevenir a resposta inflamatória generalizada é a vacinação.

Confira a pesquisa na íntegra neste link.


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