Capacitação dos estudantes de engenharia é fundamental para lidar com a transição energética

Para Fernando de Lima Caneppele, o cenário de mudanças é uma oportunidade única para os graduandos se manterem atualizados com as novas tecnologias e inovações

 Publicado: 12/11/2024 às 9:53
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chapéu energia sustentável

Os cursos de Engenharia precisam adotar uma abordagem multidisciplinar de ensino – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Em um cenário global marcado por mudanças climáticas e esgotamento de recursos naturais, a transição para sistemas energéticos sustentáveis se torna uma das maiores necessidades dos tempos atuais. Sob essa perspectiva, o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, explica que a integração do estudo da transição energética nos cursos superiores emerge como uma prioridade, pois reflete a importância dessa temática na formação dos engenheiros do futuro.

Fernando Lima Caneppele – Foto: Arquivo Pessoal

Conforme o docente, a educação em engenharia precisa se adaptar para enfrentar os desafios impostos pela crise ambiental e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades que surgem a partir disso. A transição energética, que envolve a mudança do paradigma de fontes fósseis para modelos sustentáveis e renováveis, não se limita a uma questão tecnológica, pois abrange também inovações, políticas públicas e considerações econômicas, com um componente educacional crucial.

Preparação acadêmica

Para que os futuros engenheiros estejam bem preparados, Caneppele conta que os currículos devem incorporar uma visão ampla, dotando-se de temas como tecnologias de energia renovável, estratégias de sustentabilidade e eficiência energética. Ele afirma que esse paradigma implica transformação na abordagem educacional, adotando um modelo multidisciplinar que combine conhecimentos técnicos com ciências ambientais, gestão de projetos e políticas públicas.

Para o especialista, a inovação tecnológica, especialmente em energias renováveis como solar e eólica, armazenamento de energia e redes inteligentes, deve ser integrada de forma substancial nos programas acadêmicos. Ele enfatiza a importância de incluir projetos práticos e estudos de caso, além de promover parcerias com a indústria energética, uma vez que essas práticas são essenciais para enriquecer a formação dos estudantes com experiências reais, preparando-os para os desafios do mercado de trabalho.

“O relatório anual da Agência Internacional de Energia Renovável, o Irena, de 2023 reforça essa perspectiva, ao informar que o setor de energias renováveis empregava cerca de 13,7 milhões de pessoas globalmente em 2022, com um aumento significativo de postos de trabalho”, comenta.

Desafios

No entanto, a integração da transição energética na educação de engenharia apresenta desafios consideráveis e, para Caneppele, é fundamental promover abordagens educacionais que estimulem o pensamento crítico, a inovação e a multidisciplinaridade. A atualização constante dos programas de estudo e a capacitação do corpo docente são obstáculos a serem superados para que a formação se mantenha relevante frente às rápidas mudanças do setor.

Apesar das dificuldades, as oportunidades são vastas. O docente conta que a demanda por profissionais qualificados para projetar, implementar e gerenciar sistemas energéticos renováveis está em ascensão, oferecendo um leque de possibilidades para os graduandos. Além disso, é vital garantir que a transição energética seja justa, atualizando e capacitando os profissionais que atuam no setor energético tradicional para que possam se requalificar em novas tecnologias, assegurando sua continuidade no mercado e contribuindo para a transição.

Segundo Fernando de Lima Caneppele, a transição justa implica criar oportunidades equitativas no novo paradigma energético, minimizando disparidades e assegurando que todas as classes sociais tenham acesso igualitário aos benefícios da mudança. Ele afirma que a incorporação do estudo da transição energética nos cursos de engenharia é mais do que uma necessidade acadêmica, porque consegue preparar os futuros profissionais no momento de liderar a mudança rumo ao mundo energético sustentável.

“A formação de engenheiros preparados para esse desafio é fundamental para um futuro sustentável e justo. Ao equipar os estudantes com conhecimentos, habilidades e uma mentalidade voltada para a sustentabilidade, a educação desempenha um papel fundamental na formação de agentes capazes de enfrentar os desafios energéticos e climáticos do século atual”, afirma.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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