Uma Brasília caindo aos pedaços, enferrujada e empoeirada, apresentada pelo artista Bruno Faria, foi um dos destaques do Festival Internacional de Arte de São Paulo, o SP-Arte. A artista e professora da FAU-USP, Giselle Beiguelman, analisa, em sua coluna, o impacto dessa obra. “O carro ficou exposto em uma plataforma giratória, dessas típicas de feira de automóveis, e em uma parede do estande o artista pendurou o anúncio do seu lançamento pela Vokswagen do Brasil”, conta. “Em sintonia com o ufanismo do governo militar, o slogan publicitário dizia: ‘Brasília: ainda não apareceu ideia melhor.’”
Giselle lembra que o carro foi um dos primeiros criados pela empresa no Brasil. “Ele refletia o arrojo da então moderníssima capital que, naquela época, tinha 13 anos. Foi apresentado como um produto adaptado às condições de tráfego nacional, simbolizando o Brasil potência no contexto dos anos 1970.”
O público se surpreendeu ao ver a velha Brasília no meio do saguão modernista. “Essa obra de Bruno Faria traduz visceralmente o momento de sucateamento total que estamos vivendo. Parafraseando o artista, eu diria: Brasil, ainda não apareceu retrato melhor.”
Ouça a coluna de Giselle Beiguelman na Rádio USP clicando no áudio acima. Mais detalhes sobre o tema apresentado no link: www.desvirtual.com