
De acordo com Côrtes, as nações mais pobres sofrem com maior intensidade os efeitos das mudanças climáticas em razão da falta de recursos e infraestrutura. “Essas nações solicitam recursos aos países ricos que historicamente são os maiores responsáveis pelo acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera”, explica o professor, ao revelar que o subsídio pode acontecer como investimento ou a fundo perdido como forma de compensação.
Cortês explica que o Brasil não está entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, “mas essa ideia, apresentada de maneira enganosa, esconde alguns pontos importante”. O professor observa que mais de 70% das emissões brasileiras estão relacionadas ao uso da terra, desmatamento e queimadas. “O relatório anual do Observatório do Clima indica aumento de 9,6% das emissões especialmente relacionadas ao desmatamento e queimadas”, analisa.
No cenário internacional, entretanto, os impactos do Brasil são relacionados ao desmatamento da Amazônia. “Isso também está relacionado à redução das chuvas na região central do País ao longo dos últimos dez anos e que tem causado a redução do volume afluente em reservatórios de hidrelétricas importantes”, comenta Côrtes. Ele também lembra que o desmatamento da Amazônia não causa desiquilíbrio hídrico apenas no Brasil, mas também no Paraguai, Uruguai, norte da Argentina, Colômbia, Peru e Bolívia. “É por isso que o governo pretende pleitear os US$ 100 bilhões na COP26 para combater o desmatamento e as queimadas”, destaca.
Na visão de Côrtes, as chances de efetivação de combate ao desmatamento pelo governo é zero. ” O governo federal tem demonstrado uma clara má vontade em combater o desmatamento e as queimadas e houve um efetivo desmonte no Ministério do Meio Ambiente, Ibama e no ICMBio”, analisa o professor, ao destacar também o Fundo Amazônia, que sofreu dissolução por parte do governo e atualmente conta com R$ 24 milhões.
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