Durante e após a greve dos caminhoneiros, em maio passado, muitos economistas apontaram um suposto excesso de oferta de caminhões como a principal causa da crise. Na origem de tudo, haveria um gasto público excessivo na quantidade e desmedido na qualidade, especialmente no caso dos financiamentos do BNDES à ampliação e renovação da frota de ônibus e caminhões no Brasil. Com o excesso de oferta, alguns economistas anunciavam que a queda no preço do frete seria inevitável.
Por respeito aos fatos e às estatísticas, é preciso ler um breve relatório publicado em junho pelo próprio BNDES. A frota, de fato, foi renovada, mas nos últimos anos ela ficou estável, os juros do banco subiram e a pressão sobre os caminhoneiros veio da alta dos combustíveis combinada à mais profunda recessão em muitas décadas.
Fica assim demonstrado publicamente que a origem da crise é a opção equivocada de política macroeconômica, adotada no Brasil e em muitos outros países após a crise de 2008, por submeter as sociedades a cortes de gastos públicos, juros reais exagerados e, finalmente, a recessões, como suposta solução dos desequilíbrios da economia, em especial contra a inflação.