Ouça a entrevista da repórter Simone Lemos com o professor Álvaro Esteves Migotto, do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo.

Poderia ser um filme de ficção: anelídeos desconhecidos, não pertencentes à fauna nacional, infestando as ostras e colocando em risco a produção nacional dessa espécie de molusco. A trama, no entanto, está calcada na realidade, embora não seja tão ameaçadora como se imagina. O fato é que uma pesquisa científica identificou a presença de um anelídeo em ostras selvagens do Estado de São Paulo.
De acordo com o biólogo Álvaro Migotto, do Centro de Biologia Marinha da USP, é a primeira vez que se constata a presença dessa espécie de anelídeo – semelhante a uma minhoca – no Atlântico Sul, mas ele já teria causado impactos negativos no cultivo de ostras e mexilhões em outras partes do mundo. No Brasil, por enquanto, esse animal só foi encontrado em ostras, daí a preocupação dos criadores desse tipo de molusco.
Migotto conta que esses anelídeos cavam pequenas galerias nas conchas do molusco e ali vivem. O impacto causado não é direto, mas, ao longo do tempo, podem perfurar a concha e causar prejuízos à ostra. Se a infestação for muito grande, o impacto pode ser maior. Para o ser humano, porém – garante o cientista -, não existe qualquer perigo.