Base de dados de locais da votação confirma a segurança do sistema eleitoral

Segundo Daniel Waldvogel, o CEM sentiu a necessidade de criar um segundo mapeamento, que seria único para todos os anos e garantisse que “a comparação entre os votos fosse mais fidedigna”

 27/09/2022 - Publicado há 2 anos
A organização dos dados do TSE sofre alterações constantes – Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE
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Nas vésperas do primeiro turno das eleições, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP elaborou uma base de dados que permite mapear os votos com limites mais bem definidos. Os dados referem-se às eleições entre os anos de 2002 e 2020 na região metropolitana de São Paulo. Apesar dos resultados das votações não serem disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o grupo conseguiu apresentar resultados por meio das seções eleitorais realizadas.

Além de mostrar projeções das zonas eleitorais, a pesquisa também engloba os locais de votação. “A gente tentou mudar um pouco a escala de análise”, explica Daniel Waldvogel, pesquisador da Equipe de Transferência e Difusão do Centro de Estudos da Metrópole da USP. A partir de ajustes na delimitação das zonas eleitorais, o núcleo criou novas cartografias para “poder juntar todos esses dados”.

Local de votação

Ao destrinchar os 39 locais de votação na região metropolitana, o pesquisador afirma que consegue organizar a totalidade dos votos conforme seu interesse. Ele avalia que a análise tem melhor qualidade quando os votos não estão compilados, e, por isso, o local de votação é o principal item do mapeamento: “É a partir do local de votação que a gente consegue agregar e mesmo desagregar todos os votos”.

Daniel Waldvogel – Foto: Arquivo pessoal

“O sul de Santana de Parnaíba e a cidade de Barueri têm a mesma”, indica Waldvogel sobre os casos de dois municípios dividirem uma única zona eleitoral. A nova cartografia manteve o código de zoneamento de cada lugar, mas estabeleceu uma subdivisão com a intenção de delimitar o que pertence a cada município. Desse modo, seria possível detectar como votou cada área de determinada cidade, ao contrário do mapa homogêneo mostrado na mídia após as eleições.

A organização dos dados do TSE sofre alterações constantes. O pesquisador comenta que a cada dois anos – período entre eleições – as zonas eleitorais mudam: “Nós temos mais zonas eleitorais hoje do que nós tínhamos, por exemplo, no ano de 2002”. O CEM, então, sentiu a necessidade de criar um segundo mapeamento, que seria único para todos os anos e garantisse que “a comparação entre os votos fosse mais fidedigna”.

Além dos distritos municipais, o pesquisador relata que o CEM criou os territórios eleitorais, sendo um formado por 70 regiões e outro formado por 170. A escala detalhada permitiu o lançamento dos resultados desde 2002 e a preparação para a divulgação dos dados de 2022.

Georreferenciamento

É através da ferramenta de georreferenciamento que o CEM obteve os resultados pesquisados. Ao implementar a espacialidade da informação, “a gente consegue descobrir que existem currais eleitorais, tendências de votos – lugares que, de fato, sempre votaram daquela maneira”, declara Waldvogel. Portanto, é possível investigar qual foi a mudança, o local e o motivo.

Diante da falta de credibilidade com o sistema eleitoral e, mais especificamente, com as urnas eletrônicas, o pesquisador sinaliza que “existe um boletim de cada uma das urnas que é divulgado logo após a votação”. Contudo, o papel do banco de dados se mostra importante na garantia da segurança das eleições, na visão dele: “Dentro das zonas eleitorais também há resultados diferentes e a gente vai poder observar isso de maneira espacial agora”.


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