Bancos de rodolitos são pouco conhecidos, mas vitais para o planeta

Afetado por derramamentos de óleo, como o ocorrido no ano passado, esse ecossistema pode não cumprir seu papel de diminuir o efeito estufa

 22/07/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 29/07/2020 as 14:02
Logo da Rádio USP

O programa Ambiente é o Meio desta quarta-feira, 22 de julho, conversa com os professores Flávio Augusto de Souza Berchez, do Instituto de Biociências (IB) da USP e diretor do Parque de Ciência e Tecnologia (CIENTEC) da USP, e Paulo Antunes Horta, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, sobre um organismo pouco conhecido, mas de extrema importância para o meio ambiente, os bancos de rodolitos. 

Berchez conta que os rodolitos estão presentes em todo a costa brasileira, formam um enorme ecossistema e são, na verdade, algas que se calcificaram, mostrando uma superfície rosada. Lembra que os bancos de rodolitos foram afetados pelo derramamento de petróleo, que prejudicou a costa nacional no ano passado, mas quase não receberam atenção da sociedade, apesar de sua importância. É que, em cima dos rodolitos, “outras algas e organismos se desenvolvem, formando uma grande cadeia ecológica com grande importância social, científica e econômica”, destaca o professor Berchez. 

Segundo Horta, os bancos de rodolitos são de extrema importância para os processos climáticos já que auxiliam na diminuição do efeito estufa, por dissolverem o dióxido de carbono e ajudarem na diminuição da acidificação dos oceanos. “Nós estamos falando de um sistema que é importante não só para o Brasil, mas que é um patrimônio natural da humanidade, que tem uma importante relação com o equilíbrio climático e biogeoquímico.”

Berchez complementa a fala do colega, dizendo que os bancos de rodolitos estão influenciando a vida de todos os brasileiros, direta e indiretamente. “As lagostas que a gente come, por exemplo, se alimentam das algas que crescem sob esses bancos de rodolitos, assim como os peixes se alimentam e desovam nessas algas calcificadas.” Ressalta que o derramamento de óleo nos oceanos pode prejudicar, e muito, esse ecossistema. “Eles podem ter sido impactados de uma forma que a gente não tem ideia e podem estar sendo impactados até hoje.”

Enquanto isso, o professor Horta lembra os riscos que os rodolitos correm nesses desastres, destacando que “após entrar em contato com o óleo, o rodolito morre e deixa de exercer todos os seus papéis”. Para ele, as pessoas precisam se informar mais sobre os prejuízos que esses poluentes podem causar e pensar em soluções para evitar que vazamentos ocorram e que, se não puderem ser evitados, que sejam criadas formas de se limpar o óleo derramado, para proteger os organismos presentes no mar. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.