Fotomontagem jornal.usp.br sobre imagens Fapesp e Wikimedia Commons
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Um estudo comandado pelo Grupo de Estudos em Envelhecimento Cerebral da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apresentou na Conferência Internacional da Alzheimer’s Association – evento que reuniu quase 6 mil pesquisadores de Alzheimer do mundo inteiro – dados sobre quais são as lesões iniciais da doença no cérebro. A realização da pesquisa só foi possível através do uso do Biobanco para Estudos no Envelhecimento, da FMUSP, único lugar no mundo que recebe doações de cérebros que são usados em estudos posteriormente.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Léa Tenenholz Grinberg, professora do Departamento de Patologia e uma das responsáveis pelo estudo, comenta os avanços no diagnóstico e os fatores de risco para a demência de Alzheimer. De acordo com ela, a doença só apresenta sintomas após anos de acúmulo, o que traz o desafio de diagnosticá-la antes de se tornar visível.
A Faculdade de Medicina apresenta um papel de vanguarda quando se trata de pesquisas sobre Alzheimer. Segundo Léa, em outros lugares do mundo os estudos são realizados com pessoas que vão à clínicas de demência porque já apresentam perda de memória, o que dificulta o entendimento sobre o que antecedeu a esse sintoma no cérebro. Através das doações feitas pelos familiares dos indivíduos, a faculdade conta com a possibilidade de analisar o cérebro de pessoas que ainda não apresentavam sintomas da doença, conseguindo enxergar onde ela começa, como progride e quais os sintomas iniciais, possibilitando o diagnóstico no início e facilitando a interrupção do progresso.
O estudo descobriu a primeira área do cérebro a desenvolver as lesões iniciais, o que ajuda a encontrar as manifestações iniciais através de ressonância magnética, além de facilitar o entendimento de quais neurônios são mais afetados pela doença, que poderiam ser tratados. Outros sintomas como perda de sono, distúrbio de apetite, depressão e ansiedade eram considerados como fator de risco para Alzheimer, mas o estudo mostrou que são as áreas afetadas pela doença que os produzem.
Por conta de pesquisas em uma linha incorreta sobre a doença de Alzheimer, por muitos anos, não existem medicamentos que parem a progressão da doença, eles apenas atenuam os sintomas. Este erro está sendo corrigido, mas os testes clínicos demoram cerca de 15 anos entre o desenvolvimento dos componentes até que a droga se prove segura e eficiente para ser comercializada.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.
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