Baixa adesão à vacinação é responsável pelo atual surto de gripe

“Das 80 milhões de doses, apenas 40 milhões foram aplicadas. Além disso, houve uma falta de convocação do público”, diz Gonzalo Vecina Neto

 17/12/2021 - Publicado há 2 anos
Por
A vacina já foi aplicada há mais de seis meses, por isso fica a mesma orientação recomendada contra a covid-19: uso de máscaras e evitar as aglomerações em locais públicos – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Logo da Rádio USP

O vírus influenza já está circulando em São Paulo, provocando aumento de atendimentos nos prontos-socorros e internações. Só para se ter uma ideia, durante o pico da gripe, no ano passado, foram registrados 12 casos de internações em quatro meses. Este ano, já são 19 hospitalizações em uma semana. 

Gonzalo Vecina Neto – Foto: FSP/USP

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, do Departamento de Política e Gestão em Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, acredita que esse aumento deve ocorrer em várias cidades e capitais do País. 

Uma das razões foi a baixa adesão à imunização disponibilizada para idosos, gestantes, crianças e profissionais da saúde. “Das 80 milhões de doses, apenas 40 milhões foram aplicadas. Além disso, houve uma falta de convocação do público. Em São Paulo, um agravante foi a vacinação da gripe ocorrer em local diferente da vacinação contra a covid-19, justamente para evitar as aglomerações, só que dificultou o deslocamento entre os postos”, afirma Vecina.

O especialista da Universidade de São Paulo diz que a volta às aulas fez com que as crianças fizessem os vírus circular, levando-os para dentro de casa.  Além disso, é importante ressaltar que a vacina contra o influenza não protege 100%, por isso muitas pessoas que tomaram a vacina podem ter contraído essa gripe.

Gonzalo Vecina afirma que não é necessário um reforço da vacina, sua validade é de um ano e deve ser feita no período de inverno, justamente quando a gripe está no auge da transmissão. Vale lembrar que a vacina  já foi aplicada há mais de seis meses, por isso fica a mesma orientação recomendada contra a covid-19:  uso de máscaras e evitar as aglomerações em locais públicos. 

Chamada de darwin, justamente porque foi identificada na Austrália pela primeira vez, essa cepa não está coberta pela atual vacina. Para 2022, a Organização Mundial da Saúde já mudou. Será o influenza A H3N2 darwin, justamente a cepa que a Fiocruz identificou no surto do Rio de Janeiro.

A orientação que fica para o próximo ano é: “Tome a vacina da gripe e se proteja para o próximo ciclo da doença”, diz o médico sanitarista. Até lá, é recomendável manter os mesmos cuidados que se têm para prevenção da  covid-19.

 


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.