Aumento de produtividade e área de plantio alavancam safra recorde

Milho encabeça aumento da produção de grãos, com melhor aproveitamento da segunda safra, diz Lucílio Alves

 16/12/2019 - Publicado há 4 anos
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A safra nacional de grãos entre 2019 e 2020 deve alcançar mais de 240 milhões de toneladas. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e coloca o período no topo da série histórica, iniciada em 75. O professor Lucílio Alves, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), aponta que o crescimento da produção de milho na segunda safra alavanca a produção. Como o alimento tem grande demanda interna, a oferta deve continuar alta, a despeito de fatores externos.

Pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Alves explica que a guerra comercial entre China e Estados Unidos, na verdade, beneficiou o Brasil. “Apesar de os chineses importarem cerca de 15% menos soja em 2019 do que em 2018, as vendas internacionais da commodity no Brasil se reduziram de 81 milhões para 78 milhões de toneladas, no mesmo período”, aponta ao Jornal da USP no Ar. Uma redução de 3,7%, em um setor no qual o produtor brasileiro concorre com o norte-americano.

As culturas do milho e da soja representam mais de 80% da área cultivada com grãos no Brasil – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

No começo de 2019, uma prolongada estiagem atrasou o semear da soja na região centro-sul, polo produtor de grãos do Brasil. A expectativa era de um maior impacto na produção brasileira. No entanto, o País supriu a oferta interna, fora um ou outro desvio, como a entressafra do feijão em meados do ano. O especialista explica que isso é um indicativo do aumento da produtividade brasileira, que em 2020 ainda será incentivada pelos melhores preços do mercado, já sinalizados agora. A área de plantação já indica aumento de 1,5% a 2%.

Segundo Alves, a inserção de novas tecnologias na produção agrícola brasileira se dá em duas frentes. Com a biotecnologia, há disponibilidade de sementes mais eficientes. Além disso, chegaram ao mercado nacional novas máquinas e equipamentos para lavouras. Fora que o sistema produtivo vem se aperfeiçoando, aumentando o número de safras em um mesmo período, com melhor aproveitamento do solo e da área de plantio.

O especialista levanta que o mercado da carne deve continuar muito favorável, mesmo com a suspensão das tarifas por parte da China aos Estados Unidos. Os impactos desse movimento diplomático devem ser mais fortes sobre a soja e o algodão. Essa última cultura basicamente dobrou sua safra nos últimos três anos, e lucrou bastante com o conflito comercial.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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