30 anos após césio, Brasil ainda não sabe o que fazer com material radioativo

A radiação emitida foi reduzida pela metade no local do acidente, em Goiânia, de acordo Daniel Junqueira Dorta, da USP de Ribeirão Preto

 22/09/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 25/09/2017 as 11:55

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Este mês, o acidente radiológico com o césio-137, em Goiânia, completa 30 anos. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, no âmbito radioativo, esse acidente só não foi maior que o da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia.

Ações durante o acidente com o césio-137 em Goiânia, em 1987 – Foto: National Nuclear Energy Commission (CNEN) / International Atomic Energy Agency

O acidente aconteceu dia 13 de setembro de 1987, quando dois jovens catadores de papel encontraram em um prédio abandonado, onde funcionava uma clínica desativada, um aparelho de radioterapia contendo o elemento radioativo.

Ao desmontar a peça, os catadores se encantaram com 19 gramas de pó branco parecido com sal de cozinha que, no escuro, brilhava com uma coloração. O dono do ferro-velho, Devair Alves Ferreira, sem conhecimento dos riscos, exibiu o material para amigos e familiares. Só duas semanas depois é que foi descoberta a natureza do material.

O incidente virou tragédia, que deixou 129 pessoas contaminadas e quatro mortas por síndrome de radiação aguda. O professor Daniel Junqueira Dorta, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), explica que não houve mudanças quanto aos cuidados com o descarte de aparelhos que emitem radiação. “Na verdade, já naquela época estava na forma errada”.

Além disso, ele fala da atual situação da radiação naquele local. Hoje, a radiação emitida foi reduzida pela metade, o chamado tempo de meia-vida. “Mais 30 anos, essa radiação deve cair 25%”.

Por: Giovanna Grepi

 


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