No dia 7 de abril, uma coalizão formada por EUA, França e Reino Unido promoveu um ataque conjunto a estabelecimentos de produção e armazenamento de armas químicas, na Síria. A ofensiva foi uma resposta a um suposto ataque químico realizado pelas forças do governo Bashar al-Assad na cidade de Duma, próxima a Damasco. A Rússia, aliada da Síria, prontamente negou o uso de armas químicas e declarou que os vídeos e depoimentos relatando o ocorrido foram forjados.
A professora de História Árabe Arlene Clemesha, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, não acredita que o ataque químico contra Duma tenha sido forjado pelos americanos apenas para justificar um bombardeio a alvos sírios, uma vez que os Estados Unidos não estão mais interessados nessa guerra, em que as próprias forças rebeldes sírias não se mostram confiáveis e se dividem em grupos de diversos matizes. Além disso, não há, segundo a professora Arlene, condições de as forças opositoras ao regime de Bashar al-Assad saírem vitoriosas desse confronto. Sem falar que um envolvimento mais direto dos EUA poderia colocá-lo em rota de colisão direta com a Rússia, principal aliada da Síria na região, juntamente com o Irã.
Portanto, prevalece o fato de ser “a Síria um palco de extensão de influências, por um lado do Irã e da Rússia, então, quando os Estados Unidos também calculam até que ponto eles vão entrar ou não entrar nessa guerra, direta ou indiretamente, fazer ou não fazer um bombardeio, tem que se levar em consideração todas essas variáveis”, diz a professora, antes de concluir: “O que interessa é tentar passar a mensagem, através de um ataque como esse, que a Rússia não tem mão livre na Síria, que algum tipo de resposta ela tem que saber que vai ter”.