As lições que podemos tirar da greve dos caminhoneiros

Janine fala sobre a falta de competência do governo; o apoio de grande parte da sociedade; e a queda dos níveis de poluição

 30/05/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 04/06/2018 as 12:06

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Na coluna desta semana, o professor Renato Janine Ribeiro destaca três aspectos da greve dos caminhoneiros: a falta de competência do governo para lidar com a situação; a aceitação da greve por uma parcela grande da sociedade; e os benefícios ambientais da diminuição de veículos em circulação.

Ele lembra que há tempos os caminhoneiros estavam descontentes e que haviam avisado o governo, portanto, não era algo tão inesperado assim. E destaca a demora em se tomar as medidas básicas, lembrando que, certamente, as Forças Armadas têm um plano de contingência que poderia ter sido acionado o quanto antes.

Apesar dos transtornos e prejuízos causados, grande parcela da população mostrou apoio ao movimento grevista. Janine vê nisso uma disposição da sociedade para sacrificar o bem imediato em favor de um bem futuro. E questiona qual seria algum outro bem futuro que a sociedade estaria disposta a batalhar em conjunto por ele.

O professor destaca ainda o aspecto ambiental ocasionado pela diminuição de veículos nas cidades, fato que trouxe, consequentemente, menos poluição. Para ele, isso nos dá ideia de que um outro mundo é possível.

O colunista finaliza sugerindo um cenário, caso o governo tivesse sido governo e os caminhoneiros tivessem sido mais sagazes. “Se o governo tivesse imposto ou se os caminhoneiros tivessem proposto a garantia de abastecimento dos ônibus urbanos e interurbanos movidos a diesel, neste caso, nós, provavelmente, teríamos visto nestes dias a população podendo ir ao trabalho, as fábricas e empresas funcionando. Haveria uma dificuldade maior para os mais ricos, que não teriam os carros individuais”, sugere o professor. “Mas tudo estaria funcionando bem e sem o carro individual. Pensem no custo para a saúde e até mesmo para o bom humor das pessoas. Pensem se não podemos tomar como lição o transporte coletivo como um bem comum”, finaliza.

Ouça acima o áudio na íntegra


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