Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas Geológicas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e publicada pela revista Science, mostra que a área coberta por rios no mundo é, no mínimo, 44% maior do que era estimado. Com exceção dos congelados, a superfície de rios e riachos é de 773 mil quilômetros quadrados. Foram utilizados um banco de dados global de hidromorfologia e uma abordagem estatística, além de imagens de satélites. Para comentar esse estudo, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Cleide Rodrigues, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que atua em gestão de bacias hidrográficas e planícies fluviais de áreas urbanizadas de SP e em geomorfologia fluvial na região amazônica.
Cleide esclarece que a pesquisa não se refere apenas a rios, mas sim a toda superfície líquida da área continental, sendo também analisados canais artificiais, lagos naturais e até reservatórios. Ela comenta a dificuldade de métricas globais com alcance de dados precisos, o que leva a resultados divergentes dependendo do método de pesquisa.
A professora ainda problematiza, o termo “rios escondidos” utilizado para definir essas descobertas. Para ela, são superfícies que estão canalizadas, aterradas e transformadas, que não estão presentes em diversas cartografias. Ela exemplifica com o fato de o Pinheiros ter deixado de ser um rio para se transformar em um canal. Por fim, ressalta a necessidade de melhorar a cartografia básica e aumentar o número de pesquisas na área de geomorfologia fluvial.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
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