Aliança Global contra a Fome: resposta para a insegurança alimentar em consequência da pandemia

Renato Maluf explica melhor como funciona o projeto que pretende extirpar a fome no mundo e que foi lançado na 19ª reunião de cúpula do G20 em 2024, sediada pelo Brasil

 16/12/2024 - Publicado há 2 meses
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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Sessão de encerramento da Cúpula de Líderes do G20 e cerimônia de transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul. Rio de Janeiro – RJ – Foto: Ricardo Stuckert/PR – Reprodução via gov.br
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O Brasil sediou a 19ª reunião de cúpula do G20 em 2024 e na ocasião foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa que pretende mobilizar as maiores economias do mundo no combate à miséria. Segundo dados da ONU, cerca de 733 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar severa ao redor do globo. Apenas no Brasil, após a pandemia de covid-19, já se contabilizavam 30 milhões de pessoas que enfrentavam a fome.

Renato Maluf, membro do Grupo de Referência da Cátedra Josué de Castro, já atuou como presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e explica melhor como funciona o projeto que pretende extirpar a fome no mundo.

Homem já idoso, barba e bigode grisalhos, semi calvo, usando óculos e vestindo paletó escuro, camisa clara e gravata vermelha
Renato Maluf – Foto: Reprodução/cpda – UFRRJ

Longo processo

Maluf explica que na cúpula de novembro os países participantes apenas assinaram o tratado, que é fruto de um longo trabalho de diplomacia: “A proposta foi construída ao longo de 2024 com várias consultas públicas entre os países participantes, e foi apenas lançada na reunião de cúpula do G20”.

A proposta consiste em um conjunto de políticas a serem oferecidas aos países interessados em buscar ajuda da Aliança para acabar com a miséria da própria população: “São opções a serem escolhidas pelos países interessados em implementar estratégias de enfrentamento da fome, com uma visão de ações integradas e com participação social, para o qual receberia o apoio da Aliança. A composição da cesta está baseada na própria experiência brasileira e na de outros países”, expõe o pesquisador.

O grande desafio será entender e planejar os modelos de financiamento que caracterizarão as ações da Aliança, que já nasce com 148 membros fundadores, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. Outro desafio está em aliar o combate à fome com o desenvolvimento e capacidade institucional dos países em auxílio, visto que o combate não deve ser feito de forma impositiva: “O enfrentamento da fome e da pobreza deve refletir as peculiaridades dos países e exige engajamento local. Não se pode esperar um procedimento impositivo de soluções, porém, é desejável que as estratégias contemplem o enfrentamento das desigualdades estruturais e dos próprios sistemas alimentares geradores de fome e demais manifestações de insegurança alimentar,” argumenta Maluf. Ele também chama atenção para a aliança entre combate à miséria e preservação ambiental: “Da mesma forma, também se espera que sejam consideradas as repercussões dos sistemas alimentares na sustentabilidade ambiental, na saúde humana e nas mudanças do clima”.

E o Brasil se coloca à frente desses desafios, principalmente com atuação do Consea, órgão fundado em 2007 que combina participação governamental e civil para elaborar medidas de combate à insegurança alimentar em nosso país. “O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional apresentou para a força-tarefa responsável por elaborar a proposta um conjunto de sugestões com o enfoque na promoção de direitos, da soberania e da segurança alimentar e nutricional, com programas integrados e participação social. As sugestões também buscam proteger o combate à fome das ações das corporações alimentares” finaliza Maluf.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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