Ação do homem compromete qualidade da água

Segundo pesquisadora, Estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais não possuem mais rios e córregos naturais

 17/04/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 28/04/2020 as 13:34
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O programa Ambiente É o Meio que vai ao ar nesta quarta-feira ( 17) conversa com a bióloga e professora da Universidade Estadual de Minas Gerais  (UEMG), unidade de Passos, Flávia Bottino, sobre a qualidade da água e crimes ambientais como as barragens que estouraram nas cidades de Mariana e Brumadinho, ambas de Minas Gerais.

Flávia também participou da expedição Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental (GIAIA) sobre a situação do Rio Doce e afirma que, após analisar o trajeto percorrido pela lama (referente à barragem de Mariana) ao longo de todo o rio até chegar ao Oceano Atlântico, foi possível concluir que o rejeito é composto de duas partes. A primeira, uma fração pesada transportada lentamente de forma a se acumular no fundo dos sistemas aquáticos. A segunda, uma camada mais leve, semelhante a uma “pluma”, como partículas pequenas que ficam à deriva. A bióloga afirma que, devido ao tamanho dessas partículas, elas possuem a capacidade de ultrapassar barragens e barreiras. “No GIAIA nós não acreditamos que barragens vão conseguir conter essa pluma mais leve do rejeito, acreditamos que mais cedo ou mais tarde esses rejeitos chegarão também ao rio São Francisco.”

Segundo a pesquisadora, a debilidade do Rio Doce não pode ser associada apenas ao rompimento das barragens, pois as cidades que estão no entorno do rio lançam na água esgoto doméstico sem tratamento. Flávia afirma que esses resíduos contribuem para o aumento da poluição e comprometem a existência de comunidades de seres vivos que habitam o rio. “Eu diria que o Rio Doce está amargando uma fase que é de difícil recuperação, principalmente devido à seca do Estado do Espírito Santo.”

A professora afirma ainda que, no Estado de São Paulo e no Sul de Minas, a situação é semelhante, pois não existem mais córregos e rios onde a ação do homem ainda não tenha penetrado. A bióloga fala que, mesmo com águas cristalinas e aparentemente limpas, há um enriquecimento de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo, devido à entrada do esgoto doméstico e da lixiviação das áreas de bacia de drenagem ocupadas por áreas de agricultura. “Quando adicionamos esses nutrientes, é como se colocássemos muita comida dentro de um aquário, aquela comida afunda e a água fica verde. No rio, acontece a mesma coisa, com a diferença de que esse excesso está dissolvido e não podemos ver o nitrogênio e o fósforo. As substâncias contribuem para o crescimento das algas e esse crescimento impede a entrada da luz no fundo da coluna d’água, isso diminui a quantidade de oxigênio dissolvido, comprometendo a população dos peixes e das espécies que vivem ali”.

Ambiente É o Meio é uma produção da Rádio USP Ribeirão Preto em parceria com professores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e Programa USP Recicla da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP.

Sintonize Ambiente É o Meio em 107,9 MHz na Rádio USP Ribeirão ou em 93,7 MHz na Rádio USP São Paulo, todas as quartas-feiras, a partir das 13 horas. Reprise aos domingos, às 17h30, nas duas emissoras.


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