USP no mercado livre de energia, afinal o que é?

Por Mara Jane Contrera Malacrida, diretora do Departamento de Finanças da Coordenadoria de Administração Geral (Codage) da USP e coordenadora do projeto

 30/03/2023 - Publicado há 1 ano
Mara Jane Contrera Malacrida – Foto: Arquivo pessoal

 

Após ter sido paralisado durante a pandemia, o projeto de migração para o mercado livre de energia foi retomado em 2021, contando sempre com o apoio da Reitoria. Depois de muito trabalho e muitos obstáculos superados, contando inclusive com a colaboração de pessoas externas à USP, muitas delas ex-alunos, o projeto está em sua fase final. Essa mudança trará benefícios importantes para a USP, sendo os principais a economia financeira em torno de 20% do valor total e melhoria nos índices de sustentabilidade.

Em termos de funcionamento, o mercado de energia brasileiro divide-se em dois: o mercado regulado (ACR – Ambiente de Contratação Regulada) e o mercado livre (ACL – Ambiente de Contratação Livre). No mercado regulado, os consumidores só podem comprar energia elétrica da distribuidora que atua em sua região. No caso da cidade de São Paulo, esta distribuidora é a Enel. As pessoas físicas, por exemplo, só podem comprar energia dessas distribuidoras e são, desta forma, consumidores cativos.

Já no mercado livre, o consumidor tem a liberdade de escolher de quem irá comprar energia, bem como as fontes, ou seja, ele pode escolher se deseja comprar apenas energia limpa, por exemplo, oriunda de produções eólica, solar ou hídrica, e até contratar fontes renováveis certificadas. No mercado regulado, há o consumo de um mix de diversas fontes, sem que se saiba qual a procedência da energia consumida.

Além de a USP poder optar por fontes renováveis de energia, haverá economia na conta de luz com o mercado livre. No mercado regulado, a conta de luz sofre reajustes que não estão sob o controle do consumidor, já que o preço de energia é baseado em tarifas que são reguladas. No mercado regulado, há a aplicação das bandeiras tarifárias, que indicam o custo real da geração de energia elétrica e que variam conforme a disponibilidade de energia e as condições climáticas.

No mercado livre, por sua vez, não há a aplicação das bandeiras tarifárias e os preços são negociados entre as partes. Assim, o valor acordado fica fixo pelo tempo do contrato, o que permite ao consumidor maior planejamento e previsibilidade dos custos com energia. Em momentos em que o preço de energia está mais elevado, o consumidor pode optar por contratos de menor duração, já em momentos em que o preço está em patamares menores, é possível a contratação por períodos maiores.

De acordo com o engenheiro da Prefeitura do Campus da Capital, Enea Neri, que sempre esteve envolvido no projeto, “migrar para o mercado livre representa um avanço para a USP, pois além da possibilidade de comprar energia limpa e renovável, a economia gerada com a compra de energia mais barata possibilitará à USP investir mais nas atividades-fim, bem como garantir investimentos no próprio sistema elétrico de distribuição, garantindo a conservação e modernização do mesmo, proporcionando maior confiabilidade”.

Importante mencionar que a economia gerada em apenas um ano será suficiente para pagar todos os custos envolvidos na readequação da subestação. Com a migração para o mercado livre de energia, a USP se coloca em um patamar de destaque na busca por práticas sustentáveis e pela redução de custos. A iniciativa é um passo importante para a conscientização e a adoção de práticas mais sustentáveis em instituições de ensino, além de possibilitar investimentos adicionais no ensino e na pesquisa de qualidade.

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