Moradia da USP faz 60 anos com despejo de fantasmas (8/2023); Moradores do Crusp fazem vigília para impedir instalação de grades no local (8/2024); Estudante denuncia estupro em moradia da USP, e Reitoria apenas muda suspeito de prédio (11/9/2024); Mulheres em residência da USP dizem vivenciar rotina de crimes sexuais (21/12/2024); Noite de Natal no Crusp não tem presentes, mas tem arroz com uvas-passas (25/12/2024).
O interesse reiterado e contínuo que a moradia estudantil do campus Butantã tem despertado deve ser reflexo de uma importante mudança da gestão reitoral 2022-2025, que foi a criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP (PRIP), em maio de 2022.
A permanência estudantil tem como grande desafio garantir condições adequadas de formação ao conjunto dos alunos da USP. Para aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, programas de apoio são essenciais, entre eles a moradia. Ou seja, a moradia estudantil deve colaborar para que a USP forme, com excelência, seus alunos.
Entretanto, a realidade do Crusp era bem diversa. A precariedade das condições físicas vinha acompanhada de uma ocupação por pessoas sem vínculo com a Universidade ou que não tinham sido selecionadas pelos procedimentos regulares para verificar a vulnerabilidade socioeconômica dos moradores.
O resultado era um território marcado por violações de toda ordem: violação dos corpos, das regras de convívio e ocupação, das normas de manutenção predial. Os prédios do conjunto residencial eram territórios irregulares em muitos sentidos.
No início de 2022, tínhamos 1.113 vagas individuais e apenas 747 eram ocupadas por moradores regulares, ou seja, estudantes da USP com direito à vaga na moradia (apenas 67,11%).
No final de 2024, estávamos com 1.281 vagas disponíveis, sendo 1.086 delas (84,78% do total) ocupadas por moradores regulares, estudantes da USP selecionados a partir de uma lista única vinculada ao Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE). Apenas 117 moradores (9,1% do total) são estudantes USP em situação irregular.
Essa vinculação ao processo seletivo do PAPFE foi feita por meio de mudanças no Regimento do Crusp e no Regulamento do Crusp, em que foram definidos e detalhados procedimentos de entrada e saída, além de novas regras de convivência e de responsabilização em casos de descumprimento das normas. Além disso, ampliamos em 168 o número de quartos disponíveis por meio de reformas.
A progressiva regularização de moradores do Crusp veio acompanhada de inúmeras melhorias nos prédios e apartamentos.
Citamos algumas, entre outras: (1) descupinização de todos os prédios; (2) troca de móveis em todos os apartamentos; (3) troca de todos os colchões dos apartamentos; (4) reforma das lavanderias e compra de novas máquinas de lavar; (5) regularização dos equipamentos de proteção a incêndios; (7) melhoria da iluminação dos corredores; (8) melhoria na rede wi-fi; (9) reformas das cozinhas comuns; (10) impermeabilização das coberturas dos prédios.
Neste momento, o projeto contínuo de melhoria das condições do Crusp inclui a instalação de portões para garantir melhor controle de acesso e segurança para os moradores. Essa iniciativa, amplamente discutida, conta com o apoio de expressiva maioria dos moradores do conjunto residencial.
Ainda há um caminho a ser percorrido, sabemos bem.
O Crusp é moradia estudantil e deve ter a totalidade de suas vagas ocupadas por estudantes com vínculo ativo na Universidade, selecionados a partir dos critérios de sua política de permanência estudantil. Esperamos que em breve esse objetivo institucional seja alcançado plenamente.
(Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo, em 2/1/2025)