Resultante de longo percurso e de inúmeros trabalhos desenvolvidos na ECA-USP, desde finais dos anos 1980, por grupos de diferentes procedências acadêmicas, sob coordenação do prof. dr. Edmir Perrotti, a biblioeducação é ponto de chegada e de partida, aberta aos desafios e às demandas científicas e profissionais exigidas pelas novas formas de vida, trazidas pelo século XXI.
Aspectos envolvendo as relações Biblioteca e Educação, em diferentes tempos e contextos, estarão em pauta no encontro que enfocará de problemáticas clássicas a outras inscritas especialmente nas agendas educacionais e culturais contemporâneas. Serão debatidos temas diretamente afeitos às bibliotecas, como a formação de leitores, a leitura pública, a pesquisa e a escola, os direitos sociais, as identidades étnico-raciais, de gênero, dentre outros de igual relevância.
Se questões como essas vêm permeando discursos e práticas nas áreas da biblioteconomia e da educação, as abordagens prevalentes continuam, contudo, seguindo ordens disciplinares estritas, que limitam desenvolvimentos teóricos e práticos indispensáveis, ao deixarem de lado aspectos próprios dos territórios de interface, como categorias constitutivas tanto da ciência, como das práticas sociais concretas mais avançadas.
Este I Fórum Internacional de Biblioeducação pretende ser ponto de inflexão a desafios científico-acadêmicos que são afetados e afetam a vida social em geral, as políticas públicas de educação e de cultura, especialmente na chamada “era da informação”. Ao mesmo tempo, pretende ser convite a instituições, do Brasil e de outros países, tendo em vista a criação de iniciativas colaborativas, de ações sistemáticas que permitam articular e ampliar horizontes científicos e profissionais, mediante interlocuções e trabalhos pautados por referências inter e transdisciplinares que balizam e conferem consistência aos domínios da biblioeducação.
Trabalhos realizados sistematicamente durante décadas na ECA-USP, em diálogo com diferentes parceiros e contextos, tendo como objeto e objetivo privilegiados o estabelecimento de vínculos entre os campos da biblioteconomia e da educação, comprovaram, além da importância fundamental de aproximação desses campos, a essencialidade do reconhecimento e do desenvolvimento científico-institucional dos territórios de conexão, desses entre lugares que, ao ultrapassarem limites das lógicas da disciplinaridade, renovam perspectivas científicas e político-sociais.