Este é um aspecto cultural antigo em hospitais universitários. O acúmulo de atividades acadêmicas consome quase todo o tempo disponível. Será que, com estrutura administrativa mais poderosa, os resultados teriam sido melhores? Outro ponto a se destacar foi a forma como as ciências de saúde enfrentaram o problema. Projetos científicos de qualidade internacional foram elaborados por pesquisadores, produzindo excelentes resultados. São cabeças que teriam sucesso em qualquer centro universitário do mundo. Estão eles sendo valorizados? Os setores políticos entendem o progresso que isso nos traz? Eles compreenderam o valor dessas pessoas? Esse pessoal tem muito a aprender com a saúde de nosso país, como já comentamos recentemente no artigo “A saúde como exemplo”, na Folha de S. Paulo. As academias são barreiras na pretensa política de destruição das universidades e hospitais públicos. São reconhecidos internacionalmente.
Há falhas e imperfeições, mas, ao invés de apoiar, ajudar a evoluir, assumem atitudes destrutivas. A pergunta que deve ser feita é qual ou quais seriam as intenções dessas orientações? Ideológicas? Materiais, representando grupos com outros interesses? Fica a impressão de que, nos bastidores, o caminho para enfraquecer as academias e saúde públicas está sendo devidamente pavimentado. Negar valor e desqualificar, com intenções destrutivas, revela profunda ignorância, ou desonestidade intelectual. O sentimento de desolação é nítido em nossos corredores.
Outro setor a se destacar é o SUS. É um sistema de saúde muito bem elaborado para o atendimento de toda a população. Foi introduzido sem base administrativa adequada na ocasião. Gerenciá-lo foi, e é, um desafio. A falta de recursos e a burocratização não impediram que os bons resultados surgissem, e se mostrou indispensável. É evidente que esse sistema deve ser aprimorado, precisando, para isso, vontade política, com pessoas preparadas. Sua importância, para a saúde no País, é indiscutível. Muitos estão migrando de planos suplementares, aumentando mais a sua responsabilidade. O que teria ocorrido se o SUS não tivesse atuado como atuou?
Importante enaltecer a rede privada hospitalar, abrindo portas, quando a pública estava prestes a se esgotar. Essa associação foi um sinal de maturidade e responsabilidade, colocando recursos à disposição, recebendo elogios de todos. Lembramos que boa parte de seus profissionais foi formada na rede pública.
Para concluir, essa pandemia evidenciou o que temos de melhor, ou seja, recursos humanos altamente qualificados, que souberam reagir à altura em um momento muito difícil. Esperamos que os setores políticos tenham aprendido algo com essa pandemia e que sejam no futuro representados por pessoas com esses valores, e que nos façam ter orgulho deles também.