A Reserva Florestal do Instituto de Biociências é um dos principais instrumentos para aproximar a USP da sociedade

Por Marcos S. Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências, e Vania Pivello, presidente da Comissão da Reserva Florestal do Instituto de Biociências

 26/05/2022 - Publicado há 2 anos
Marcos Buckeridge – Foto: Maria Leonor de Calasans / IEA

 

Vania Pivello – Foto: Reprodução/LinkedIn
A Reserva Florestal do Instituto de Biociências da USP é um dos poucos fragmentos de Mata Atlântica inseridos na cidade de São Paulo e ainda conta com uma flora rica e considerável diversidade em alguns grupos de animais. Durante décadas essa floresta urbana foi utilizada como palco para aulas e pesquisas, não só do Instituto de Biociências, como também de outros institutos da USP. Entretanto, desde há vários anos, quedas de árvores danificaram seu principal acesso e perturbações externas lhe trouxeram degradação. A reserva se encontra praticamente inacessível e necessitando de urgente recuperação.

Foi então elaborado um projeto de integração para ensino, pesquisa e extensão, a ser desenvolvido na reserva e entorno, com a finalidade de trazer melhorias à infraestrutura existente e implantar diversas benfeitorias (trilha autoguiada, trilha suspensa, mirante, plataforma acessível), bem como realizar o manejo ambiental (por exemplo, com a retirada de espécies invasoras e enriquecimento da flora nativa). Uma matéria já foi inclusive publicada no Jornal da USP em 2021, mas o projeto está sendo retomado agora, após a pandemia. Houve um investimento inicial da Superintendência de Gestão Ambiental, com contrapartida do IB, para melhorar a infraestrutura de segurança e o principal acesso, o que está sendo providenciado. Também foi firmado um convênio de colaboração com a empresa Greenheart, que se propôs a captar recursos para executar benfeitorias na reserva. Esse convênio não envolve uso de verba da USP e só foi assinado após passagem pelas instâncias administrativas obrigatórias para aprovação, tais como a Procuradoria Geral, Auspin e a Congregação do Instituto de Biociências. Houve ampla discussão dentro da Comissão da Reserva Florestal e foram realizadas diversas reuniões com a empresa para o ajuste do texto de acordo com minuta padrão da USP, realizado pela Procuradoria Geral da USP e Auspin, sendo então apresentado à Congregação do Instituto de Biociências, que o referendou integralmente.

A empresa Greenheart possui dezenas de projetos implementados no mundo todo, inclusive em parceria com a University of British Columbia (UBC), em área de floresta, e no Jardim Botânico de Vancouver, projetos esses que têm permitido atividades de educação ambiental, ensino e muitas pesquisas. Seus sócios brasileiros trabalham há mais de 20 anos com manejo e gestão de áreas verdes e unidades de conservação, além de planejamento turístico e políticas públicas. A empresa não visa lucro com a participação no projeto da Reserva Florestal do Instituto de Biociências. Não é um projeto com fins lucrativos e NÃO se trata de privatização do espaço. A Greenheart pretende buscar patrocínios para a implementação desse projeto, que, somente após estar devidamente aprovado, seguirá para a captação de recursos com patrocinadores públicos e privados, para ser implementado. Tudo será feito seguindo as instâncias de discussão e obtendo as aprovações conforme as normas da USP.

A Adusp, entidade que respeitamos, publicou um texto no seu jornal que traz informações que carecem de precisão, já que se trata de recortes do texto de um convênio. As alegações que correm via internet de que possa haver privatização do espaço e de que o projeto interferirá negativamente na produção científica do IB não passam de notícias falsas, geradas por interpretação distorcida por algumas poucas pessoas que repudiam a interação da Universidade com a sociedade. Essa Reserva Florestal é um espaço que pode e deve ser utilizado para o ensino – pela USP e por escolas públicas – e para pesquisa.

Se concretizado, esse projeto trará grandes benefícios a docentes, alunos e à sociedade. A reserva, que hoje se encontra inacessível e degradada, receberia ações de restauração e conservação. Professores e alunos ganhariam acesso para realizar aulas, extensão, experimentos, atividades que até o momento têm sido altamente limitadas devido às condições em que se encontra a reserva. A falta de acesso à mata e de manejo adequado causam prejuízo ao ensino de biologia, previnem pesquisas importantes e, principalmente excluem a sociedade de ter acesso ao conhecimento valioso sobre a biologia da Mata Atlântica. O convênio com a Greenheart, que tem larga experiência em projetos similares no Brasil e no exterior, tem a vantagem de acelerar as ações necessárias para atingirmos mais rapidamente os objetivos de restauração, conservação e uso sustentável dessa floresta.


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