Nesse cenário, o artigo The contribution of the University of São Paulo to the scientific production on climate change: a bibliometric analysis, escrito pelos pós-doutorandos do eixo Mudanças Climáticas do Programa USPSusten vinculado à Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP, e publicado na revista Discover Sustainability, contribui para caracterizar a produção científica realizada por pesquisadores associados à Universidade de São Paulo sobre o tema das mudanças climáticas.
Sua relevância se baseia nas consequências evidentes das mudanças climáticas, na necessidade de medidas de mitigação e adaptação e no importante papel da Universidade na geração de dados confiáveis e iniciativas para construção de planos de ação. O artigo avalia a evolução da contribuição das publicações científicas sobre mudanças climáticas da USP entre 1989 e 2022. Para tanto, foi realizada uma análise bibliométrica de 2.874 artigos de pesquisa coletados nas bases de dados Web of Science e Scopus para explorar as principais tendências tópicos e revelar periódicos influentes e redes de colaboração usando o software Bibliometrix.
O estudo mostra uma distribuição temporal crescente e mais significativa das publicações a partir de 2010. Com base nas afiliações dos autores, os resultados indicam que as parcerias mais importantes são nacionais (67%), enquanto as coautorias internacionais são predominantemente com colaboradores de pesquisa do Norte Global (América do Norte e Europa). Vários artigos publicados no período estão em periódicos de alto fator de impacto, evidenciando a relevância dos estudos sobre mudanças climáticas da USP. Serviços Ambientais, Mata Atlântica, Floresta Tropical, Amazônia, Biodiversidade e Uso da Terra são os tópicos de pesquisa de hotspot para os quais os pesquisadores da USP contribuem. Também foi identificada a evolução de três grupos temáticos: ciência física, causas e efeitos, e estratégias, discutidos em temas como matéria orgânica, desmatamento e mitigação, respectivamente.
Outro aspecto a destacar é a alta frequência da palavra “adaptação”, que está entre as dez palavras mais recorrentes, ao contrário de “mitigação”, que não apareceu na lista nem no top 50. De fato, o termo “adaptação” tem tido uma frequência crescente nas pesquisas climáticas da USP desde 2012, com sua relevância crescendo ainda mais a partir de 2016. Isso sugere um reconhecimento crescente da adaptação no enfrentamento dos desafios associados às mudanças climáticas. No contexto do Sul Global, nota-se haver um número maior de estudos investigando adaptação do que mitigação, uma vez que países geralmente mais vulneráveis e menos emissores estão mais preocupados em se adaptar aos efeitos de eventos extremos mais frequentes, como chuvas, secas, terremotos, furacões, entre outros, que resultam do aumento da temperatura mais do que da redução de emissões.
Esta pesquisa é útil para obter insights sobre as tendências atuais de desenvolvimento de pesquisa, para mostrar a amplitude da produção científica e a importância do papel da USP no tema da mudança climática. Em última análise, fornece informações valiosas para estudos futuros e sugere a possibilidade de avançar na agenda de investigação sobre alterações climáticas com o Sul Global. O artigo contribui para a literatura ao fornecer um panorama da produção e disseminação do conhecimento em uma Universidade de grande relevância na América Latina sobre o tema das mudanças climáticas. Por fim, este é um artigo de análise bibliométrica que se propõe a avaliar publicações universitárias para compreender tendências de pesquisa sobre esse tema no Brasil.
Para maiores informações do programa USPSusten, consulte a página da SGA.
*Thais Diniz, Jéssica Weiler, Tailine Corrêa dos Santos e Alexandre Aguiar, pós-doutorandos do programa USPSusten da Superintendência de Gestão Ambiental da USP