Ricardo Ohtake toma posse da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência

O arquiteto substitui Sérgio Paulo Rouanet como titular da Cátedra ligada ao Instituto de Estudos Avançados (IEA)

 17/03/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 25/05/2017 as 15:20
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O arquiteto, designer gráfico e gestor cultural Ricardo Ohtake substitui Sérgio Paulo Rouanet como titular da Cátedra Olavo Setubal

Em uma cerimônia realizada no dia 17 de março, na Sala do Conselho Universitário, o arquiteto, designer gráfico e gestor cultural,Ricardo Ohtake, assumiu como o novo titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, do Instituto de Estudos Avançados (IEA), em parceria com o Instituto Itaú Cultural.

Ricardo Ohtake, José Roberto Sadek(secretário do Estado da Cultura), Vahan Agopyan e Sergio Paulo Rouanet durante a Posse de Ricardo Ohtake, como novo titular da Cátedra Olavo Setúbal. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem
[Da esq. p/ dir.] Ricardo Ohtake; o secretário estadual da Cultura, José Roberto Sadek; o vice-reitor Vahan Agopyan; e o sociólogo Sergio Paulo Rouanet
O coordenador acadêmico da cátedra, Martin Grossmann, abriu a cerimônia agradecendo a Rouanet pelos trabalhos desenvolvidos no primeiro ano da cátedra. “Rouanet nos deu a matriz filosófica e conceitual para darmos andamento nos próximos quatro anos, e é com muita alegria que recebemos Ricardo Ohtake para dar continuidade a esse debate e a esse questionamento do papel da arte e da cultura na Universidade e em uma sociedade como a brasileira”, afirmou. Em seguida, o diretor do IEA, Paulo Saldiva, falou sobre a importância de discutir a arte e seu significado: “Em um momento como esse, em que o financiamento da arte é cada vez mais problemático, a determinação de um artista vem da paixão. Assim como falta generosidade no mundo hoje, também falta paixão, falta esse sentimento que faz com que as coisas aconteçam a despeito de todas as dificuldades”.

“Nos últimos anos, a democratização das artes foi o grande tema discutido por todos nós que atuamos no campo da cultura. Por outro lado, também é fundamental que a nova gestão cultural pense no campo dos desejos, do artista, do indivíduo como o sujeito primeiro do fazer cultural. Pensar sobre a democracia cultural, em que o sujeito passa a ser determinante para o contato do desejo do artista, me parece ser a necessidade em que precisamos avançar nos próximos anos na gestão das políticas culturais. E, se há um lugar absolutamente qualificado para pensar sob essa ótica do indivíduo como protagonista dessa mudança, é na Universidade de São Paulo”, explicou diretor do Instituto Itaú Cultural, Eduardo Saron.

O presidente do Banco Itaú e filho de Olavo Setubal, Roberto Egydio Setubal, lembrou que o pai era um homem de ciências, interessado em aprender e com grande abertura para ideias diferentes. “Meu pai gostava de plantar sementes que, se bem tratadas, poderiam se desenvolver ao longo da vida. Ele também enxergava na cultura os elementos que possibilitavam abrir a mente, pensar diferente e avançar em nossas atividades. Por isso, tenho certeza que ele estaria muito satisfeito com essa cátedra que leva o seu nome”, lembrou o empresário.

Um dirigente cultural

Lilia Moritz Schwarcz dircursa na Posse de Ruy Ohtake, como novo titular da Cátedra Olavo Setúbal. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem
A antropóloga Lilia Moritz Schwarcz fez o discurso de recepção ao novo titular da cátedra

Membro de uma das famílias mais importantes para a arte e a arquitetura do país – filho da artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) e irmão do também arquiteto Ruy Ohtake –, Ricardo Ohtake é formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e, atualmente, dirige o Instituto Tomie Ohtake.

Ao longo de sua trajetória, Ohtake ocupou vários cargos executivos, sempre com a disposição de democratizar o acesso do público à arte moderna e contemporânea. Ele foi secretário da Cultura do Estado de São Paulo, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e diretor do Centro Cultural São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e da Cinemateca Brasileira. Deu aula em diversas faculdades de arquitetura, comunicações e artes plásticas e foi curador da participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2010.

Em seu discurso, Ricardo Ohtake traçou um panorama sobre o desenvolvimento e o impacto das instituições culturais brasileiras, fazendo questão de lembrar que não é um intelectual e que foi convidado justamente por sua trajetória como dirigente de inúmeras instituições e iniciativas que promovem a arte.

“É uma honra voltar à Universidade de São Paulo, instituição em que me formei há quase 50 anos, para ocupar a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência. Eu pretendo desenvolver nessa cátedra a minha trajetória como dirigente cultural, dentro do contexto da cidade, dentro do contexto brasileiro e internacional; convidar críticos, dirigentes culturais, artistas e historiadores para falarem sobre a relação da arte com a política, o papel das exposições no debate da arte, a função dos dirigentes culturais no desenvolvimento das instituições de financiamento e a formação das instituições; analisar a atual situação das atividades e das instituições ligadas à arte e as perspectivas para o futuro”, afirmou o novo titular da cátedra.

“As artes sempre são muito críticas e inventivas no seu meio e lutam para potencializar os seus valores estéticos, éticos e políticos, para se desdobrarem em inovações e experimentações, dando uma nova inspiração para o futuro da arte brasileira, aproveitando as novas tecnologias e as novas relações culturais”, finalizou.

Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência

Criada em 17 de fevereiro de 2016, a cátedra é resultado de convênio entre o IEA e o Itaú Cultural, financiador da iniciativa. Essa é a primeira cátedra da USP a contemplar também a arte. Segundo o vice-reitor Vahan Agopyan, “as cátedras ganham uma ênfase cada vez maior na Universidade por absorverem, incorporarem colegas de outras instituições e membros da sociedade nas nossas atividades. Com as cátedras, estamos conseguindo também aumentar a interação com a sociedade – o grande desafio enfrentado pelas universidades do século 21 –, ampliando os canais de discussão, interação e troca de conhecimento com setores empresariais, ONGs e várias esferas governamentais”.

Vahan Agopyan (vice reitor da USP), discursa na Posse de Ruy Ohtake, como novo titular da Cátedra Olavo Setúbal. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem
O vice-reitor Vahan Agopyan ressaltou que “o apoio do Itaú Cultural não é apenas generoso, mas também proativo, participando, colaborando e interagindo com a cátedra – o que é tão importante quanto o apoio financeiro”

A cátedra compreende dois programas: Líderes na Arte, Cultura e Ciência, que teve Rouanet e agora conta com Ohtake; e Redes Globais de Jovens Pesquisadores. Ao longo do primeiro ano de funcionamento, os dois programas tiveram intensa agenda de atividades. Rouanet fez as conferências “A Modernidade e suas Ambivalências”, “Prazer Desinteressado da Arte? De Kant à Cultura Pós-Aurática de Walter Benjamin” e “Ciência e suas Fronteiras”; participou do debate “Arte, Artista e Universidade” e coordenou o seminário “Cinema e Psicanálise”.

No âmbito do programa Líderes na Arte, Cultura e Ciência, a cátedra apoiou as atividades da primeira edição da Intercontinental Academia, realização do IEA e do Institute for Advanced Research (IAR) da Universidade de Nagoya (Japão), sob os auspícios da rede Ubias (University-Based Institutes for Advanced Study).

“Nossas atividades se desenrolaram sob o signo da democracia e da aproximação. Foi uma tentativa de aproximar, no campo epistêmico, disciplinas isoladas. Um esforço de aprofundar outras áreas do saber, da cultura e da arte”, afirmou Sérgio Paulo Rouanet em seu discurso de despedida. Rouanet também agradeceu a oportunidade proporcionada pela cátedra durante o ano de trabalho e saudou o novo titular.

(Fotos: Cecília Bastos)


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