“Pretendo ser antidoutrinário”, diz titular da Cátedra José Bonifácio

O ex-primeiro ministro da Espanha, Felipe González Márquez, tomou posse como novo titular da Cátedra José Bonifácio, no dia 10 de março, em cerimônia realizada no Auditório “Prof. István Jancso” da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, em São Paulo.

 11/03/2016 - Publicado há 8 anos
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A catedrática Nélida Piñon, o reitor Marco Antonio Zago e o novo titular Felipe González

O ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González Márquez, tomou posse como novo titular da Cátedra José Bonifácio, no dia 10 de março, em cerimônia realizada no Auditório “Prof. István Jancsó” da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, em São Paulo.

O evento contou com a presença de membros do corpo consular, dirigentes da Universidade, além de docentes, funcionários e alunos.

O diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) e coordenador do Centro Ibero-Americano (Ciba), Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari, foi o primeiro a se pronunciar e fez uma breve explanação do trabalho que vem sendo desenvolvido na Cátedra, criada em 2013.

A Cátedra é uma iniciativa do Ciba, núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao IRI, que convida uma personalidade do mundo ibero-americano para ministrar atividades acadêmicas na Universidade durante um ano letivo.

Os convidados desenvolvem pesquisa na Universidade, na temática referente à sua especialidade. Além disso, são realizadas conferências abertas à comunidade e, até mesmo, específicas para docentes e discentes.

Em 2013, o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, assumiu como o primeiro titular da Cátedra, que tratou do tema “O desenvolvimento da América Latina e a governança internacional”. Os artigos produzidos durante o período foram publicados na coletânea “A América Latina no Mundo”, lançada pela Editora da USP (Edusp), em março daquele ano.

O economista Enrique Iglesias esteve à frente da Cátedra durante o ano de 2014. Iglesias, que presidiu o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib). Também foi lançado o livro “Os Desafios da América Latina no Século XXI”, coordenado pelo economista.

Laços políticos

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“Vivemos um futuro de incertezas e um dos grandes desafios de nosso sistema educativo é treinar os estudantes para as incertezas”, explicou González

O evento marcou a despedida da escritora Nélida Piñon, que conduziu os trabalhos da Cátedra em 2015. Na ocasião, foi lançado o livro As matrizes do fabulário ibero-americano, obra coletiva coordenada por Nélida e publicada pela Edusp, sobre os resultados das pesquisas realizadas durante o ano. A catedrática foi saudada pelos integrantes da Cátedra, Sônia Maria de Araújo Cintra e Wagner Pinheiro Pereira.

A ouvidora-geral da Universidade e ex-diretora do IRI, Maria Hermínia Tavares de Almeida, fez a saudação ao novo catedrático. A docente destacou “os laços políticos e pessoais de González com a América Latina, que se materializaram pelo apoio ativo aos processos de democratização do continente, em especial, à pacificação da América Central”.

O novo titular foi secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol de 1974 a 1997. Foi o terceiro primeiro-ministro desde a reinstauração da democracia na Espanha, de 1982 a 1996. Seu mandato como primeiro-ministro foi um dos mais longos da história moderna da Espanha.

“Pretendo ser antidoutrinário, sugerindo novos espaços de reflexão e estimulando a inovação e a criatividade. Não pretendo ter uma solução para o problema. Vivemos um futuro de incertezas e um dos grandes desafios de nosso sistema educativo é treinar os estudantes para as incertezas”, explicou González, ao mencionar seus objetivos à frente das atividades da Cátedra.

O encerramento da cerimônia foi marcado pelo pronunciamento do reitor da Universidade, Marco Antonio Zago. “A Cátedra é um instrumento de qualidade de ensino e pesquisa, principalmente como importante forma de valorizar os vínculos com a América Latina”, considerou.

(Fotos: Ernani Coimbra)


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