Momento Odontologia #77: Uso de laser na odontologia pode ajudar pacientes oncológicos 

Especialista explica a utilização do laser na odontologia e como ele pode ajudar no tratamento de pacientes com câncer 

 16/11/2020 - Publicado há 3 anos
Momento Odontologia - USP
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Momento Odontologia #77: Uso de laser na odontologia pode ajudar pacientes oncológicos 
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O laser está cada vez mais presente em várias áreas da saúde e para diversas finalidades, inclusive na odontologia. Ele pode ser usado no clareamento dos dentes, cicatrização, cirurgias e até mesmo como forma de prevenção da mucosite, causada em pacientes oncológicos que estão fazendo tratamento de quimioterapia ou radioterapia na cabeça ou pescoço. 

“Eles são divididos em laser de alta intensidade, que são lasers cirúrgicos, que agem pelo calor, e os lasers de baixa intensidade, que aceleram o metabolismo das células no local irradiado e não agem pelo calor”, resume a professora Carla Damante, da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, ao podcast Momento Odontologia

Ela ainda conta que os lasers são usados em uma terapia chamada fotobiomodulação, que acelera a cicatrização após cirurgias, reduz a dor e o inchaço após a cirurgia, além de ajudar em tratamentos de lesões como afta, herpes e mucosite, uma inflamação que acomete pacientes oncológicos que estão recebendo quimioterapia ou radioterapia na cabeça ou pescoço. 

Além disso, o laser, em conjunto com um corante azul, usado na terapia fotodinâmica antimicrobiana, serve para matar micro-organismos, bactérias, vírus e fungos. “Essa terapia pode ser utilizada no tratamento periodontal, de problemas de inflamação gengival, na endodontia, que é o tratamento de canal, na fase de descontaminação do canal e também na descontaminação de dentaduras.” 

A professora explica que, para o tratamento de fotobiomodulação, o laser deve ser aplicado imediatamente após a cirurgia e, depois, as aplicações são repetidas durante as semanas seguintes. No caso dos pacientes com mucosite, eles recebem a aplicação no próprio hospital. Na terapia fotodinâmica antimicrobiana, a gengiva ou o canal do dente é irrigado com corante azul e, em seguida, é aplicado o laser. Vai haver uma reação fotoquímica, que mata as bactérias. E, no caso de cirurgias a laser, ele age com o calor, que é controlado, para não se dissipar para os outros tecidos. 

Nesses casos, a maioria dos tratamentos com laser é complementar ao tratamento convencional e aplicado no pós-operatório. Por isso, a utilização dos lasers traz algumas vantagens, como reduzir a necessidade de medicamentos, “já que ele tem um efeito anti-inflamatório e analgésico, de redução de dor, e também acelera a cicatrização da cirurgia”. Além disso, cirurgia a laser, na maioria das vezes, não necessita de sutura, ou seja, não é preciso dar pontos no local e o pós-operatório é semelhante ao convencional. 

Carla garante que os lasers cirúrgicos são seguros, “já que o calor aplicado é  bastante controlado”. Ela ressalta que muitos pacientes têm medo em utilizar o laser, pensando que ele pode provocar câncer. Mas destaca que não há perigo algum. “Se pensarmos no espectro eletromagnético da luz, o espectro da luz visível seria as cores do arco-íris, começando no vermelho e terminando no violeta. As radiações de laser utilizadas na odontologia estão no infravermelho, no vermelho, enquanto as radiações que causam câncer estão na outra ponta, que são raios ultravioleta. Então, é uma radiação bem distante daquelas que causam câncer ou alguma alteração em DNA.”

No caso de cirurgias realizadas com o laser de alta intensidade, a recuperação é semelhante a uma cirurgia convencional, explica a professora. “Já quando se utiliza o laser de baixa intensidade, para acelerar a cicatrização de feridas, é possível ter uma recuperação mais rápida, com menos dor e com uma melhor qualidade de vida para o paciente”, destaca. Ela ainda garante que não há efeitos colaterais no uso do laser e que a única desvantagem do laser é que ele pode causar danos na retina. “Portanto, em qualquer procedimento realizado a laser, todas as pessoas presentes na sala devem utilizar os óculos de proteção”, alerta a professora. 

Carla ainda ressalta que pacientes oncológicos, que vão passar por quimioterapia ou radioterapia de cabeça e pescoço, devem procurar um profissional que aplique laser, porque existem alguns quimioterápicos específicos que causam a mucosite, que, dependendo do grau, é tão grave que o paciente não consegue nem engolir a própria saliva, se alimentar, ingerir líquidos, e isso prejudica muito a recuperação. Nessas situações, os lasers têm tido efeitos benéficos e são usados como forma de prevenção. “Uma ou duas aplicações de laser antes do início da quimioterapia e o paciente nem desenvolve essa lesão.” 

Ouça o episódio do Momento Odontologia na íntegra no player acima.

Produção e Apresentação Rosemeire Talamone
CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)
Edição: Rádio USP Ribeirão
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS  
 
 

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