A educadora Suellen Francine da Silva e Silva teve como principal foco em seu estudo uma compreensão das vivências escolares de estudantes negros que ingressaram na USP por meio de cotas raciais. A pesquisadora foi a entrevistada desta quinta-feira (15) no podcast Os Novos Cientistas. “Entre 2015 e 2019, investiguei aspectos de suas trajetórias que contribuíram para o acesso à Universidade”, contou a educadora. “Nesse período, estudantes pretos e pardos representavam, respectivamente, 3,4% e 14,5% do total de ingressantes. É uma tendência positiva se compararmos a estudos anteriores”, avaliou. A pesquisa foi realizada em um dos campi da USP e não compreende toda a USP.
O estudo de mestrado intitulado Vivências escolares de estudantes negros: o acesso à Universidade de São Paulo após a adoção das cotas raciais teve a orientação da professora Débora Cristina Piotto e foi apresentado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
Um levantamento realizado no sítio da Fuvest permitiu a Suellen localizar os cursos mais seletivos (medicina, ciências biomédicas, psicologia e direito) e do perfil racial dos estudantes. “Nesses cursos, a maioria de estudantes são brancos sendo os negros a minoria”, disse. A análise das vivências escolares dos estudantes também indica que um conjunto de fatores, como o fato de serem bons alunos, o incentivo de professores e a mobilização das famílias na vida escolar dos filhos, atuou nas trajetórias dos estudantes, contribuindo para que eles pudessem chegar à Universidade. O acesso a outras vivências fora do ambiente escolar, como a participação no coletivo negro da Universidade permitiram aos estudantes apropriarem-se de uma consciência racial, ressignificando suas identidades.