Momento Cidade #29: Quem são os jovens que marcam os muros da cidade?

Nesta edição, o entrevistado é o pesquisador Danilo Piaia, autor da dissertação “Quando a rua vira point: ‘Práticas juvenis’ e pixadores no centro de São Paulo”, orientada pela professora Fraya Frehse e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

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 11/09/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 23/09/2020 as 17:14
Momento Cidade - USP
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Momento Cidade #29: Quem são os jovens que marcam os muros da cidade?
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Em 2017, a cidade de São Paulo ficou mais cinza quando muros e fachadas foram alvo de uma limpeza da Prefeitura, que declarou guerra contra os pichadores, em uma ação que fez parte do programa Cidade Linda. O então prefeito João Doria aprovou multas mais severas para punir pichadores, além de defender a restrição de venda de tinta em spray. O assunto rende discussões faz décadas e saber quem são as pessoas por trás das mensagens nos muros continua a despertar nossa curiosidade.

Para entender mais, o Momento Cidade entrevistou Danilo Piaia, autor da dissertação Quando a rua vira point: ‘Práticas juvenis’ e pixadores no centro de São Paulo, orientada pela professora Fraya Frehse e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

De acordo com o pesquisador, aqueles que ele chama de “pixadores” são um público específico. “Eu escrevo com X por se tratar de uma manifestação que se distingue de outras pichações com ‘ch’; se a gente pensar em escritos poéticos ou com dizeres políticos, ela se distingue disso por ter uma estética específica, por ter regras específicas de funcionamento e por estar voltada a um público específico, que é quem maneja aquele código. Grafando dessa forma eu faço coro aos próprios protagonistas da prática”, esclarece.

Sua pesquisa teve como objetivo entender mais sobre o uso que os “pixadores” fazem do espaço público, em especial, o espaço do centro de São Paulo. Para isso, ele utilizou a etnografia — um método que se baseia no contato direto entre o pesquisador e seu objeto de pesquisa na hora de coletar dados. Em seu trabalho de campo, Piaia frequentou os pontos de encontro dos “pixadores” ao longo de meses, sempre conversando com os frequentadores. Além disso, ele também se debruçou sobre os arquivos de jornais para entender como a mídia retratou os grupos que frequentam o centro, durante as últimas décadas.

Para o especialista, o trabalho é uma pequena amostra da enorme vitalidade que existe nas ruas da cidade. Além isso, pensando no contexto atual da capital paulista, Piaia defende um maior questionamento sobre a chamada revitalização do centro, seus objetivos e seu público-alvo. “Quando se fala em revitalização do centro, estamos falando de que vida?”, problematiza.

Você pode acessar a pesquisa completa aqui.

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Ficha técnica

Reportagem: Giovanna Stael
Produção: Denis Pacheco
Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini


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