Pílula Farmacêutica #35: Entenda por que vítimas da covid-19 podem desenvolver a síndrome de Guillain-Barré

Doença autoimune grave e ainda sem cura, seus sintomas devem ser diagnosticados e tratados rapidamente para impedir agravamento do quadro

 27/07/2020 - Publicado há 4 anos
Pílula Farmacêutica - USP
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Pílula Farmacêutica #35: Entenda por que vítimas da covid-19 podem desenvolver a síndrome de Guillain-Barré
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Assistimos, há poucos anos, a um aumento de informações sobre a síndrome de Guillain-Barré (SBG), com a epidemia do zika vírus, e agora a doença volta à tona, com a pandemia do novo coronavírus. Mas o que é essa síndrome e qual a relação com as doenças infecciosas? No programa Pílula Farmacêutica desta semana, a acadêmica Kimberly Fuzel, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, esclarece a dúvida.

Segundo Kimberly, trata-se de uma doença autoimune em que o sistema imunológico produz anticorpos que atacam as células dos nervos da própria pessoa. Esses nervos integram o sistema nervoso e fazem conexão entre o cérebro e as outras partes do corpo. Quando atacados, ficam inflamados, o que impede a transmissão dos sinais nervosos para os músculos, gerando lentidão e até mesmo bloqueio dos nervos motores e sensitivos.

Esta é a explicação para a fraqueza muscular que o indivíduo com a síndrome sente. Falta de reflexos e formigamentos completam os sintomas que começam, geralmente nas pernas, “mas podem evoluir para os braços, para os músculos da face e até atingir o diafragma, o que provoca dificuldade para respirar”, conta a acadêmica. Outros sintomas podem incluir dores nas costas e no quadril, palpitações e arritmias cardíacas e também alterações da pressão arterial.

Kimberly comenta que a associação da SGB com as infecções virais está relacionada ao próprio sistema de defesa do organismo, já que a síndrome geralmente ocorre após um episódio infeccioso. Provavelmente, conta a acadêmica, o micro-organismo invasor aciona o sistema imunológico do indivíduo infectado que, por sua vez, produz anticorpos para o combate. Mas, como as partículas proteicas do vírus ou bactéria são parecidas com as do nosso organismo, os anticorpos acabam atacando também a “bainha de mielina que reveste os nervos periféricos”, diz.

Entre as infecções que já foram associadas com o desenvolvimento da SGB estão zika, influenza, varicela-zóster, o Campylobacter jejuni, o citomegalovírus, epstein-barr, HIV e, mais recentemente, a covid-19.

Para confirmar a doença, além do histórico clínico, são realizados exame do líquido cefalorraquidiano (líquor ou fluido cerebroespinhal), eletrocardiograma, exame da função pulmonar e um teste da atividade elétrica muscular chamado eletroneuromiografia. E para o tratamento, disponível pelo SUS, medicamento intravenoso (pela veia) para bloquear a causa da inflamação e, também, um procedimento chamado plasmaférese, que remove anticorpos do sangue. Fisioterapia também pode ser prescrita.

Por se tratar de doença grave, para a qual ainda não há cura, o início do tratamento é vital para aliviar os sintomas e impedir o avanço da doença.

 

Ouça este episódio do Pílula Farmacêutica na íntegra no player acima.


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