Controle da covid-19 é eficaz em países com isolamento social rígido

China e Nova Zelândia, por exemplo, estão abrindo a economia mais rapidamente e com mais segurança

 13/05/2020 - Publicado há 4 anos

Logo da Rádio USP

Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi afirma que a desdenhosa resposta do presidente Jair Bolsonaro à covid-19 custará caro ao Brasil.  “Essa postura do presidente, que não assumiu de fato a coordenação das ações para o combate à pandemia, tem custado caro ao Brasil, tanto para as pessoas como para a economia.”

Para o professor, o fundamental seria uma coordenação entre os Estados para controlar a disseminação da doença, o que levaria a efeitos menos graves tanto na saúde como na economia e, com isso, teríamos mais controle e segurança para uma abertura gradual da economia.

Nakabashi comenta a diferença entre as medidas adotadas pela Suécia, que foram menos rígidas, em relação à Dinamarca, com controle mais rígido. “São países parecidos em termos culturais e institucionais e, apesar da quantidade de mortes ter sido maior na Dinamarca, os efeitos econômicos têm sido parecidos nos dois países, o que mostra que, mesmo aquelas economias avançadas, que não colocaram um controle rígido sobre o isolamento social, estão tendo efeitos econômicos importantes.”

Para o professor, a covid-19 causa medo entre as pessoas, que deixam de frequentar o comércio, os serviços e têm medo até de ir ao trabalho, causando um impacto econômico significativo. “A questão não é fazer ou não o distanciamento social, o efeito sobre a economia vai ocorrer. E o controle menos rígido também leva ao risco de uma segunda ou terceira onda da doença, que vai provocar um fechamento da economia ou uma restrição das atividades de forma voluntária, ou seja, as próprias pessoas não vão querer colocar em risco a saúde.”

Os dados, diz Nakabashi, mostram que não existe contraposição entre economia e saúde das pessoas em relação à covid-19, as duas coisas andam juntas, e cita exemplos como o da Nova Zelândia e da China, que fizeram controle mais restrito e conseguiram controlar a doença muito mais rapidamente e, agora, estão em condições de abrir a economia com mais segurança. “A situação é complexa, só será resolvida com uma vacina ou remédio que controle a doença; até lá, toda essa falta de coordenação do nosso presidente, com sinais confusos, já tem consequências e estamos colhendo os frutos dela, tanto sobre a saúde como na economia.”

Ouça na íntegra a coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, no player acima.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.