Em momentos de crise, algumas contradições podem surgir e, quando o assunto é o relaxamento da quarentena, essa máxima não é diferente. O tema do Momento Sociedade desta semana é exatamente esse e para José Luiz Portella, doutor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), apesar de ser uma situação crítica, há dois lados a serem analisados nessa questão: o lado da preocupação em não saber quando será o pico da pandemia e o lado psicológico/mental das pessoas por estarem há sete semanas em isolamento.
“Muita gente está presa em casa, em um lugar com pouco espaço, e isso naturalmente gera mais conflitos, mais problemas”, comenta Portella. Isso é reforçado pelo aumento significativo na violência doméstica, influenciando os índices de feminicídio.
O isolamento exige regramento e disciplina, qualidades que até estudos sociais mostram não ser um dos pontos mais fortes do povo brasileiro. A cobrança de permanecer em casa é complicada, pois a maioria da população não tem conforto habitacional razoável para cumprir essa medida, mas Portella deixa claro que é nosso dever superar este momento.
Ao relaxar a quarentena, os cuidados necessários com relação à movimentação devem ser intensificados e, no transporte público, o uso de máscaras é fundamental, ainda mais considerando que os locais estão cheios, com quase ninguém respeitando o distanciamento necessário. “Corre o risco ou de ser contaminado ou de contaminar, o que é pior ao pensarmos na questão da superlotação das UTIs”, explica Portella ao citar os problemas que o desrespeito ao uso de máscaras podem trazer em um contexto geral.
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Momento Sociedade
O Momento Sociedade vai ao ar na Rádio USP todas as segundas-feiras, às 8h30 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast
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