Necropsias já detectaram novo coronavírus em testículo e glândulas salivares

Potencial contaminação em relações sexuais ainda precisa ser investigada. Grupo da Faculdade de Medicina da USP que realizou análises prepara criação de banco de tecidos para estudos da covid-19

 23/04/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 08/05/2020 as 17:33

A Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) tem um grupo de pesquisa que desenvolve um protocolo de coleta de tecido das vítimas da covid-19 durante a necropsia. Com isso, será criado um biobanco compartilhado entre pesquisadores, que possibilitará o estudo das manifestações sistêmicas da doença.

O professor Paulo Saldiva, do Departamento de Patologia da FMUSP, diz que o grupo já tem em torno de 22 necropsias sendo analisadas. Com os estudos, foi possível identificar que o vírus tem uma alta capacidade de disseminação para outros órgãos, inclusive testículos e glândulas salivares, o que incluiria uma potencial contaminação em relações sexuais e através da saliva – algo que ainda precisa ser investigado. Ele ressalta que, quando envolve doenças infecciosas, esse tipo de análise demanda diversas precauções para evitar a contaminação da equipe envolvida.

Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados – USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nesta entrevista ao Jornal da USP no Ar, o médico fala também sobre a discrepância nas taxas de mortalidade por coronavírus na cidade de São Paulo. O vírus continua sendo o mesmo, diz ele, o que muda nas regiões do município são as formas de viver de cada um, a organização, os tipos de moradias e, principalmente, a capacidade que cada pessoa tem de fazer sua restrição de movimento. Para Saldiva, isso transformou a cidade em um laboratório natural para entender a vulnerabilidade social e outros fatores que ultrapassam as questões biológicas do vírus.

O professor, que também é colunista da Rádio USP, aproveita ainda para deixar claras as diferenças entre o novo coronavírus e o H1N1. As semelhanças ficam apenas na transmissão aérea e na grande eficácia de contaminação. E as principais diferenças se dão na fase de transmissão assintomática, bem mais extensa no caso da covid-19 – além do novo coronavírus acabar sendo bem mais agressivo ao tecido respiratório, pois há um tempo maior de efetividade da infecção.

Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.


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