O podcast Saúde Sem Complicações desta semana recebe o neuropsiquiatra e médico assistente do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FM) de São Paulo, Renato Luiz Marchetti, para falar sobre o surto por vacina contra HPV.
O surto, que teria vindo da vacinação contra o HPV (Vírus do Papiloma Humano), aconteceu em 2014, primeiro ano em que o SUS iniciou a oferta de vacina gratuita. Após a vacinação, as meninas diziam sentir dormência nas pernas, apresentar convulsões e viver momentos de histeria coletiva. No Acre, o surto persistiu até 2017. Por isso, o Ministério da Saúde pediu à equipe do IPq do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo a análise dos casos que haviam sido notificados pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre.
Marchetti afirma que, dos 72 casos suspeitos de reações provocadas pela vacina contra o HPV, a equipe do Instituto analisou os mais graves: 11 casos de meninas e um, de menino. Os exames de dois irmãos, uma menina e um menino, revelaram que os sintomas epiléticos eram genéticos, sem relação com a vacina.
Já os 10 casos restantes, que não tinham epilepsia, mas sintomas convulsivos, apresentaram “crises não epilépticas psicogênicas”, causando manifestações neurológicos funcionais que, no caso de uma epidemia, ganha o diagnóstico de “doença psicogênica epidêmica pós-vacinal”.
Além disso, o neuropsiquiatra explicou que o surto de doença psicogênica – sem estar relacionado a uma epidemia – também pode acometer pessoas saudáveis; porém, existem fatores de risco que possibilitam seu surgimento. Situações traumáticas, crescer em um lar disfuncional, doença crônica na infância e estar vivendo uma situação psicologicamente difícil são possíveis fatores de risco.