Em pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a engenheira agrônoma Mayra Maniero Rodrigues desenvolveu a formulação de um fertilizante organomineral, a partir do lodo de esgoto doméstico, que poderá ser usado na cultura de soja em solos de Cerrado. Em entrevista concedida aos Novos Cientistas desta quinta-feira (16/10), a pesquisadora deu detalhes de seu estudo, que foi orientado na Esalq pela professora Jussara Borges Regitano, da Esalq.
“Sabemos que o País avançou em termos de saneamento básico. Contudo, grande parte do lodo de esgoto é encaminhada a aterros sanitários, o que tem um custo de manutenção muito elevado”, contou a pesquisadora. Ela trabalhou com plantações de soja no Cerrado, um bioma que concentra em torno de 15 a 16 milhões de hectares. Os principais Estados produtores são o Mato Grosso e Goiás. “Mas também temos a região dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que contribuem com cerca de 22% da produção de soja do Cerrado”, lembrou Mayra.
A formulação foi desenvolvida em laboratório, a partir do lodo do esgoto doméstico, com testes realizados em casas de vegetação. O próximo passo é testar o fertilizante no campo e avaliar seu comportamento frente a variáveis como chuvas, temperaturas, etc. O produto, segundo a pesquisadora, é sustentável por apresentar matéria orgânica que é benéfica à planta. “Ao não enviar esse material aos aterros, estamos colaborando para a redução da criação de novos aterros sanitários”, afirmou.
O lodo de esgoto doméstico é associado a altas concentrações de poluentes inorgânicos em amplitudes que podem inviabilizar seu uso direto em solo agrícola. Esse material é rico em matéria orgânica, macro e micronutrientes para as plantas como boro, cobre, cobalto, ferro, manganês, molibdênio, níquel e zinco, comumente deficientes em solos tropicais.