Jornal da USP no Ar – Medicina #11: Obesidade já é epidemia na América Latina

Doença não deve ser tratada como problema individual e exige estratégias governamentais remediadoras. Especialista e diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica comenta a iniciativa, endossada também por outras associações do mundo inteiro de simplificar as informações nos rótulos dos alimentos. Já as doenças típicas do tempo seco podem ser controladas com o diagnóstico correto do que provoca a crise alérgica. O tratamento não se restringe apenas ao uso de medicamentos como antibióticos e corticoides.

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 26/07/2019 - Publicado há 5 anos
Jornal da USP no ar: Medicina
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Jornal da USP no Ar – Medicina #11: Obesidade já é epidemia na América Latina
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Se perguntarem quais palavras você lembra automaticamente ao ouvir “epidemia”, é provável que diga algo relacionado a doenças infecciosas como “dengue”, por exemplo. No entanto, um alerta emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que a América Latina e o Caribe estão sofrendo com uma epidemia que não é transmitida por mosquitos, a obesidade.

Há cerca de quatro décadas a obesidade afetava 8,6% dos cidadãos da região, agora já é estimado que uma em cada quatro pessoas sofra do problema. No Brasil, a obesidade é estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 22,1% da população.

Ao analisar a condição da obesidade na América Latina e no Caribe, obrigatoriamente deve-se analisar também as condições socioeconômicas dos indivíduos. “As pessoas que estão sendo afetadas pela obesidade são aquelas com piores condições socioeconômicas, pois acabam comendo mais alimentos industrializados e ultraprocessados”, afirmou ao Jornal da USP no Ar o doutor Bruno Halpern, especialista em Clínica Médica, Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Na segunda parte do episódio de hoje falamos sobre as doenças típicas do tempo seco. Segundo a Organização Mundial da Alergia (WAO, na sigla em inglês), cerca de 30% a 40% da população mundial sofre com rinite alérgica, doença que, como a asma e a conjuntivite alérgica, são desencadeadas mais facilmente no inverno devido ao tempo seco. Para saber mais sobre suas causas e prevenção, o Jornal da USP no Ar conversou com Fábio Morato Castro, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP que ministra a disciplina de Imunologia Clínica e Alergia do Departamento de Clínica Médica.

O sistema respiratório fica mais fragilizado quando é submetido ao contato constante com o ar seco. “Situações comuns no inverno, como mudanças bruscas de temperatura, tempo frio e seco e aumento da poluição são fatores que potencializam o desenvolvimento de doenças”, explica o especialista. Ele conta que o principal motivo é a baixa umidade do ar, que resseca as mucosas do organismo, primeira defesa contra vírus e bactérias, e, por isso, o indivíduo fica mais vulnerável: “Em relação a conjuntivites alérgicas, por exemplo, vários poluentes acabam ressecando nariz, boca e garganta, o que pode resultar numa inflamação e o desenvolvimento de problemas mais sérios”.

Segundo Castro, outro fator é o contato com ácaros: “No Brasil é comum que cobertores e casacos de frio fiquem guardados por muito tempo e, quando esfria, as pessoas apenas passam a usá-los. O problema é que os ácaros podem provocar alergias, e no período do inverno esses quadros podem se agravar, evoluindo de um processo inflamatório a uma infecção bacteriana”. Caso esses sintomas sejam identificados, é necessário procurar uma avaliação médica para que se faça o diagnóstico correto. A partir disso, o melhor tratamento será indicado, mas o professor adianta que ele não se restringe apenas ao uso de medicamentos como antibióticos e corticoides.”Primeiro é necessário identificar e remover o motivo que desencadeia o processo alérgico.”

Por isso precisamos tomar essas medidas, além de buscar um tratamento que controle dos sintomas e até mesmo partir para a imunoterapia, as conhecidas vacinas, que atuam na imunização da pessoa para melhorar a resistência contra os alérgenos”, orienta Castro. Também é indicado realizar o teste de alergênicos, tomar muita água em dias secos, fazer lavagens nasais com soro (desde que moderadamente) e tomar a vacina contra a gripe.

Não se esqueça, essas e outras entrevistas você acompanha de segunda a sexta, das 7h30 a 9h30, na Rádio USP 93,7 em São Paulo, 107,9 em Ribeirão Preto e streaming. Você pode baixar o podcast e ouvir a qualquer hora, acessando jornal.usp.br  ou utilizar seu agregador de podcasts preferido, no Spotify, iTunes e CastBox.

Apresentação e produção: Roxane Ré

Edição de Som: Cido Tavares


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