Momento Cidade #04: Quando nós vamos poder nadar nos rios de São Paulo?

Para especialistas da USP, é preciso mudar a forma como se intercepta a sujeira do esgoto e das chuvas que vai para os rios e envolver a população, conscientizando cidadãos sobre a importância dos rios e do descarte adequado do lixo

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 28/06/2019 - Publicado há 5 anos
Momento Cidade - USP
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Momento Cidade #04: Quando nós vamos poder nadar nos rios de São Paulo?
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De acordo com o Mapa Hidrográfico do Município de São Paulo, existem 287 rios, riachos e córregos paulistanos. A maioria deles está escondida debaixo do asfalto e do concreto. Já os grandes rios visíveis da cidade de São Paulo, o Pinheiros e o Tietê, são cercados por avenidas, as famosas Marginais. Ambos estão poluídos, acumulando em suas águas uma quantidade tóxica de resíduos industriais e esgoto doméstico.

Ciente desta triste realidade, o Momento Cidade buscou especialistas para responder: será que algum dia nós vamos poder nadar nos rios de São Paulo?

Para a professora Monica Porto, da Escola Politécnica (Poli) da USP, o futuro é otimista, mas não tanto a ponto de um dia podermos nadar nos rios paulistanos. “Podemos ter os rios despoluídos e podemos ter um rio que compõe a nossa paisagem urbana. Agora, para nadar no rio é exigida uma qualidade da água muito boa”, aponta a professora ao deixar claro que cidades grandes exercem um impacto considerável de poluição sobre os seus rios, e isso dificulta o cenário em que seria possível nadar neles.

Um outro agravante que contribui para a poluição dos rios de São Paulo envolve os assentamentos irregulares próximos dos rios. Para o professor José Carlos Mierzwa, também da Poli, “na medida em que se ocupa, se diminui a capacidade de concentração de água para continuar alimentando esses mananciais. Isso não só reduz a recarga das reservas, como também intensifica a poluição das águas”.

Ainda assim, para Alexandre Delijaicov, docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e coordenador do Grupo Metrópole Fluvial, é possível imaginar um cenário positivo, no qual nossos grandes rios se tornarão o centro da vida urbana em São Paulo. Para o especialista, tudo começa com uma mudança em nossa mentalidade, no nosso modo de vida que inclui, por exemplo, um consumo mais consciente e métodos mais inteligentes de descartar nosso lixo.

Além disso, novas técnicas sugeridas pelo próprio grupo do professor na FAU podem auxiliar na captura e tratamento dos muitos resíduos que vão parar nos rios da capital hoje em dia. Para fazer isso, o professor sugere um dispositivo batizado de “microestação de tratamento de águas pluviais”. Com a implantação dessas microestações, a sujeira poderia ser interceptada antes de ir para os córregos e rios.

Para os três especialistas, a despoluição dos rios é um esforço conjunto entre governo, empresas e população. A receita envolve que a Prefeitura forneça alternativas dignas de moradia para quem vive na área de mananciais, mude a forma como se intercepta a sujeira do esgoto e das chuvas que vai para os rios e envolva a população, conscientizando sobre a importância dos rios e do descarte adequado do lixo.

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Ficha técnica

Reportagem: Denis Pacheco
Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro


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