Corante bloqueia receptor importante para células cancerígenas

Próximo passo é utilizar nanotecnologia para ser possível consumir doses pequenas que obtenham êxito, amenizando os efeitos colaterais

 13/08/2018 - Publicado há 6 anos

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Pesquisa que usou corante para combater câncer ganha prêmio de oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O estudo investigou o neuroblastoma, câncer que comumente surge na glândula suprarrenal, que pode se espalhar para a medula óssea, osso, fígado, gânglios linfáticos ou, menos comumente, pele ou cérebro. Quase 90% das ocorrências desse tumor são em crianças, e cerca de 50% a 60% delas já têm metástase no momento do diagnóstico. Para entender melhor, o Jornal da USP no Ar conversou com a responsável pela pesquisa, Claudiana Lameu, professora de Bioquímica do Instituto de Química (IQ) da USP.

Segundo Claudiana, o estudo começou há quatro anos, quando ela iniciou seu pós-doutorado nos Estados Unidos. No entanto, foi no período da graduação que ela foi motivada a pesquisar sobre câncer após estagiar no Instituto da Criança e presenciar muitos casos envolvendo metástase nos pacientes. A metástase é a principal causa de morte relacionada ao câncer, chegando a 90% dos casos.

Foto: Reprodução / YouTube

Em 2000, especialistas descobriram que o corante Brilliant Blue G era capaz de bloquear o receptor P2X7, presente em diversas células e em processos fisiológicos e patológicos importantes para o organismo. As células do câncer se apropriam de modo indevido de partes do organismo saudável para tentar sobreviver e esse receptor se torna importante para resistência e migração dessas células cancerígenas no organismo. Chegando à conclusão que o corante consegue bloquear a funcionalidade do receptor, testes foram feitos em camundongos com êxito.

O corante já é aprovado pela Vigilância Sanitária para uso em alimentos. Porém, a dose que foi utilizada em animais para diminuir ou até bloquear a metástase foi muito alta. Por essa razão, em parceria com professores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, os pesquisadores pretendem criar um corante alimentício usando nanotecnologia e conseguir usar doses pequenas que obtenham o mesmo resultado e amenizem os possíveis efeitos colaterais. O estudo poderá ser ampliado para outros tipos de câncer.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Ouça, no link acima, a íntegra da entrevista.


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