A Alemanha proibiu a venda de smartwatches – relógios com internet e GPS – destinados a crianças. A questão, basicamente, envolve a invasão de hackers e a segurança infantil. Com mestrado na USP na área de Educação, Tecnologias Digitais e Subjetividade, Rosângela de Araújo Medeiros concorda com a decisão da agência reguladora de telecomunicações do país teuto. De acordo com ela, estão em jogo aqui a segurança e a exposição excessiva das crianças ao mundo digital e aos seus perigos. “O problema não é o mundo digital, é o mundo humano”. Ela lembra que a pedofilia e o bullying existem para além da internet, “mas o que um dispositivo digital permite é que isso fique muito grandioso, fique aberto”.
Professor da Faculdade de Educação da USP, Marcelo Giordan também concorda com a decisão de se proibir o uso de smartwatches por crianças. Embora esses dispositivos não sejam muito recentes, a novidade, argumenta ele, é que são direcionados para crianças por empresas que os comercializam como se, por meio deles, os pais pudessem ter um melhor controle sobre os filhos. Mas isso, por si só, não é garantia de segurança. De acordo com ele, tudo que envolve programação implica a ameaça de que alguém possa invadir o sistema para se apossar de dados. Portanto, entende que a proibição é a melhor alternativa.
Na verdade, talvez a grande questão seja a de como educar as crianças para usar as novas tecnologias de maneira segura. Um passo inicial, na opinião de Giordan, seria mostrar as limitações e as vantagens de toda e qualquer tecnologia.