USP descobre em Ribeirão Preto talentos da matemática

Projeto ajuda estudantes a desenvolver conhecimento na área e contribui para a integração das escolas públicas com a USP

 14/07/2016 - Publicado há 8 anos
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USP oferece formação e qualificação para professores da rede pública de ensino – Foto: Divulgação/Shutterstock

Thiago Neves Camargo, 18 anos, trocou seus estudos na ETEC Dr. Julio Cardoso, na cidade de Franca, em São Paulo, pelo ensino médio na Batavia High School, na cidade de Batavia, nos Estados Unidos. Isso só foi possível graças ao seu potencial em matemática.

Camargo participou desde 2010 da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), programa educativo gratuito para revelar jovens talentos. Aplicada do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio das escolas públicas, o alvo da OBMEP é a qualidade da educação básica, com incentivo do aperfeiçoamento profissional dos professores, promoção da inclusão social e criação de ambiente de estímulo para o estudo da matemática nas escolas públicas.

O estudante também foi um dos participantes do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), programa de treinamento ligado à OBMEP, para alunos medalhistas e de menções honrosas, que objetiva despertar nos estudantes o gosto pela matemática e ciência e incentivar a escolha profissional por carreiras científicas e tecnológicas. O aluno participa de atividades orientadas por professores qualificados nas instituições de ensino superior e de pesquisa.

O Departamento de Computação e Matemática (DCM) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP é um dos polos que oferecem aulas aos participantes da olimpíada. Uma equipe da FFCLRP oferece formação e qualificação para professores da rede pública de ensino que passam a desenvolver atividades com os medalhistas e alunos da rede pública selecionados para treinamento da OBMEP. “Isso é muito importante para a contribuição da integração das escolas públicas com as universidades públicas. Os participantes podem conhecer a USP e o DCM. É uma forma de abrir as portas para o futuro desses jovens”, diz o professor Tiago Henrique Picon, da FFCLRP.

Os jovens recebem aulas de matemática básica até avançada durante um ano, por meio de uma rede nacional de professores em polos espalhados pelo país, e também pelo fórum virtual. “Aqui na região, atuamos nas cidades de Ribeirão Preto, Franca, Sertãozinho, Nuporanga, Monte Alto e Guaíra. Alcançamos um total de 250 alunos da rede pública, sendo 50 medalhistas ou menções honrosas, através de atividades presenciais; além de outros 70 alunos, na modalidade virtual”, afirma Picon.

Vocação comprovada

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Thiago Neves Camargo foi “descoberto” na OBMEP – Foto: Arquivo Pessoal

O professor lembra que Camargo foi um dos vários jovens descobertos pela OBMEP. “Ele é um dos cinco melhores alunos que trabalhei no projeto. Possui claramente vocação para a matemática e tem potencial para seguir estudos avançados. Além de possuir um raciocínio diferenciado, expõe os argumentos com muita clareza e segurança. É um talento da região de Ribeirão Preto”, diz.

O caso do jovem de Franca é o exemplo do sucesso do programa. Camargo foi medalhista de prata em 2010 e em 2014, medalhista de bronze. “Foi uma experiência fantástica e muito enriquecedora para um menino de 12 anos ser reconhecido pelo mérito escolar. No fim de 2010, fui convocado para participar de um congresso de matemática no Rio de Janeiro junto com outros 200 alunos que se destacaram no programa”, conta o jovem.

A partir de 2014, Camargo começou a se dedicar a bolsas de intercâmbio, foi quando conseguiu uma vaga na organização não-governamental AFS Intercultura Brasil com apoio da petrolífera British Petroleum. “Fui um dos dez selecionados para vir aos Estados Unidos para concluir o ensino médio. Foi uma oportunidade única para viver esta experiência incrível. Pude melhorar meu inglês, aprendi a respeitar outras culturas, aliás, não só a cultura americana, pois aqui conheci intercambistas de todos os cantos do mundo, com os quais troquei experiências e conhecimentos”, diz.

Camargo está prestes a voltar ao Brasil e já sabe o que vai fazer.

Vou prestar os vestibulares e pretendo fazer economia na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP”

Desde o começo do ano, Picon é coordenador regional do PIC-OBMEP, entretanto participa das atividades da OBMEP há mais de sete anos. “Trata-se de um marco na história da educação brasileira e hoje um dos principais programas em educação no país. Atua em um dos principais alicerces na formação do aluno, a matemática. A cada ano, vemos que um número maior de alunos e professores estão empenhados no estudo de matemática com um objetivo: a OBMEP”, afirma.

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Professor Tiago Henrique Picon, da FFCLRP – Foto: Arquivo Pessoal

A OBMEP 2016 teve quase 18 milhões de alunos inscritos na primeira fase. O programa é constituído por duas fases. “Muitos docentes do DCM atuam como coordenadores de centros de aplicação de provas e atuam em projetos ligados à olimpíada. Não tenho dúvidas que o grande sucesso do programa em Ribeirão Preto e região deve-se a forte atuação do Departamento nas atividades”, diz o professor.

A olimpíada é uma realização do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), do Ministério da Educação (MEC) e do Governo Federal do Brasil com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

Este ano, realizam a décima segunda edição do programa e os participantes farão a segunda fase das provas em setembro. Os interessados em participar das próximas edições podem acessar o regulamento aqui.

Gabriela Vilas Boas/Serviço de Comunicação do Campus de Ribeirão Preto


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