Relatório mostra que 23,7% das chefias na USP são ocupadas por mulheres

Apesar de as mulheres representarem quase metade dos estudantes de graduação e pós-graduação, cargos são dominados pelos homens. Documento da campanha “ElesPorElas” foi apresentado na ONU

 28/09/2016 - Publicado há 8 anos
Os representantes das dez Universidades se reuniram nos dias 19 e 20 de setembro. A USP foi representada pela professora Eva Alterman Blay (de blusa estampada, ao centro) e o pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Júnior (de gravata vermelha, à direita) - Foto: Ryan Brown via Sala de Imprensa/USP
Os representantes das dez Universidades se reuniram nos dias 19 e 20 de setembro. A USP foi representada pela professora Eva Alterman Blay (de blusa estampada, ao centro) e o pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Júnior (de gravata vermelha, à direita) – Foto: Ryan Brown via Sala de Imprensa/USP

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Apesar de as mulheres representarem, em média, a metade dos estudantes de graduação e pós-graduação em universidades, os cargos administrativos seniores e de professores titulares são dominados pelos homens. Na USP, as mulheres representam 46,4% dos alunos da graduação e 51,1% dos alunos de pós-graduação e elas respondem por 15,4% dos professores titulares e 23,7% dos cargos de chefia. Cenários semelhantes são vistos em outras instituições, como na francesa Sciences Po, que tem 60% de mulheres entre estudantes de graduação e pós-graduação e 14% de mulheres entre os professores titulares.

As informações constam no primeiro relatório da “ElesPorElas”[HeForShe] apresentado pelo Programa ONU Mulheres, em Nova York, paralelamente aos debates da 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas realizados de 20 a 26 de setembro. A USP foi uma das dez universidades mundiais escolhidas para fazer parte do movimento e a única da América do Sul a participar do projeto, que convoca pessoas de todo o mundo para desenvolver iniciativas e advogar pela igualdade de gêneros.

A instituição foi representada no evento, promovido nos dias 19 e 20 de setembro, pelo pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Junior; pela coordenadora do Escritório USP Mulheres e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Eva Alterman Blay; e pela ouvidora da USP, Maria Hermínia Tavares de Almeida.

Além da USP, o relatório contém informações e compromissos de outras nove universidades que fazem parte da campanha: Universidade de Georgetown (EUA), Sciences Po (França), Universidade de Nagoia (Japão), Universidade de Stony Brook (EUA), Universidade de Hong Kong, Universidade de Leicester (Reino Unido), Universidade de Oxford (Reino Unido), Universidade de Waterloo (Canadá) e Universidade de Witwatersrand (África do Sul).

Segundo a coordenadora do Escritório USP Mulheres, Eva Blay, uma primeira constatação inscrita no relatório das universidades se refere à necessidade de romper as barreiras de gênero e instalar uma nova cultura, especialmente no campo da violência. O documento revela que muitos problemas são comuns a todas as instituições.

As universidades se comprometeram a desenvolver 30 objetivos comuns, entre eles minimizar a desigualdade de gênero e criar centros de excelência para abordar o tema.

Lançado em 2015, a iniciativa “ElesPorElas Impacto 10x10x10” reúne dez chefes de Estado, dez presidentes de empresas e dez presidentes de universidades. O lançamento do relatório marcou o primeiro ano da iniciativa nas universidades.

Concomitantemente ao encontro na ONU, foi promovido um fórum de estudantes de várias partes do mundo, que se reuniram na Universidade de Nova York. Uma das bolsistas do Escritório USP Mulheres e aluna do Instituto de Psicologia da USP, Laís Nicolodi, esteve presente. Além de Laís, quatro outras estudantes da USP participaram dos debates – Beatriz Rossi Martin, Zainne Lima, Clara Coêlho e Laís Ambiel Marachini – via videoconferência, diretamente do Brasil.

Mulheres unidas pelo fim da violência na USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Mulheres unidas pelo fim da violência na USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Iniciativas

Durante sua participação no encontro com os representantes das universidades, Eva Blay falou sobre as iniciativas desenvolvidas pela USP ao longo de 2015 e 2016 no que tange à igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.

Uma delas foi a campanha “USP Mulheres – Elas sempre podem”, cuja divulgação foi feita em todos os campi da USP, com cartazes afixados nas Unidades de Ensino e Pesquisa da Universidade, em totens e outdoors nas partes externas, e postais entregues à comunidade interna. Slogans como “Elas podem ser o que quiserem” e “Você deve apoiá-las e respeitá-las” estiveram presentes nos três modelos de mensagens criadas, com o intuito de colocar a mulher como protagonista e de forma independente, para provocar uma mudança de atitude e crenças sociais em relação a ela.
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Cartazes da campanha Elas Sempre Podem
Cartazes da campanha Elas Sempre Podem

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Além disso, o Escritório USP Mulheres, com apoio da Rede Não Cala USP, realizou oficinas de treinamento com assistentes sociais da Universidade com o objetivo de sensibilizar e capacitar os profissionais para o acolhimento de vítimas de violência sexual e de gênero ocorrida no âmbito da vida universitária. Também foi promovido o debate “Dez anos da Lei Maria da Penha – Avanços e Desafios na USP” para apresentar e discutir os aspectos legais, os serviços e as consequências da aplicação da lei.

Eva destacou que, desde 2015, a Comissão de Direitos Humanos da USP passou a acompanhar denúncias de casos de violência ocorridos no âmbito dos campi da Universidade, recomendando procedimentos à Reitoria, quando necessário.

A coordenadora também anunciou que, até o final de 2016, deverá ser criado um centro de referência com atenção médica, legal e psicológica, que está desenhado por estudantes e docentes da Universidade, e está em andamento uma pesquisa sobre direitos humanos com a colaboração de alunas e alunos de vários coletivos da USP.

Da Assessoria de Imprensa da USP
Com informações da ONU Brasil 


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