Químico e astrônomo assumem direção da Fuvest

Professores da USP têm o desafio de comandar o maior vestibular do País e prometem aperfeiçoar o exame

 18/05/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 07/10/2020 as 12:44
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Prédio da Fuvest fica ao lado do Portão 1 da Cidade Universitária, em São Paulo- Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

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Em 2017, a Fuvest completa 41 anos de existência. Responsável pelo maior vestibular do País, a Fundação Universitária para o Vestibular foi criada para selecionar os alunos dos cursos de graduação da USP. Há dois anos, divide essa tarefa com o Sistema de Seleção Unificado (Sisu), coordenado pelo Ministério da Educação. Na última edição, a Fuvest selecionou 8.734 candidatos entre mais de 136 mil inscritos, enquanto o Sisu preencheu 2.338 vagas a partir da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Desde 30 de abril, os responsáveis por comandar a Fuvest são os professores Renato Sanches Freire, do Instituto de Química (IQ) da USP, como novo diretor executivo, e Diego Antonio Falceta Gonçalves, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, como vice-diretor executivo. José Roberto Drugowich de Felício, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, foi mantido no cargo de diretor financeiro. A escolha foi feita pelo Conselho Curador da fundação.

O Jornal da USP conversou com eles para saber quais serão os desafios à frente da Fuvest nos próximos dois anos em que ficarão no cargo. Freire e Gonçalves adiantaram duas ações da nova gestão: aprimorar a prova de acordo com o perfil de aluno que a USP espera selecionar e investir em segurança para manter a confiabilidade do exame.

O diretor executivo da Fuvest também integra o Conselho de Graduação (CoG) da USP, instância responsável por definir o edital com as normas do vestibular. Freire e Gonçalves pretendem estreitar essa relação. A ideia é levar mais informações sobre o perfil de alunos que, hoje, a Fuvest seleciona e se ele está de acordo com o estudante que a Universidade quer, além de estimular ainda mais o envolvimento dos docentes no processo do exame.

“A Fuvest existe para ter um processo mais justo de escolher os alunos aptos a estudar na USP. Queremos ter uma análise crítica constante para saber se essas metas estão sendo atingidas. Além de ter um mecanismo para que a comunidade de professores da Universidade possa se manifestar diretamente a respeito das expectativas dessa prova”, conta Freire.
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Renato Freire e Diego Gonçalves assumiram a direção da Fuvest no final de abril – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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Ele também considera ouvir as expectativas de gestores diretamente envolvidos com o ensino médio nas redes de ensino público e privada do Estado do São Paulo em relação à prova.

“Precisamos de um diálogo mais próximo com pessoas que definem o conteúdo ensinado nas escolas. Não significa que vamos modular a Fuvest exatamente a esse conteúdo, mas é necessário um equilíbrio entre o aluno que a USP quer e o aluno que está sendo formado no ensino médio.”

Segurança

No ano passado, quase 137 mil alunos se inscreveram no vestibular da Fuvest. A prova foi aplicada em 104 escolas de 31 cidades paulistas. Todo o processo de elaboração do exame, sua distribuição e aplicação requerem mecanismos de controle e segurança para manter o sigilo das informações.

A nova gestão destaca a importância de se investir mais em tecnologia para continuar garantindo a idoneidade da prova. “A Fuvest sempre prestou um serviço de excelente qualidade e nunca foi colocado em dúvida o seu processo, mas se manter nesse tipo de posição requer esforço”, lembra o diretor executivo.

E o investimento em segurança inclui recursos financeiros. A Fuvest se mantém exclusivamente com o dinheiro arrecadado com a inscrição dos candidatos, valor que há dois anos não é reajustado, se mantendo em R$ 160. Por isso, a gestão que assume agora ressalta a necessidade de rever esse número, mas a decisão é do Conselho de Graduação da USP.

“A Fuvest é financiada pelo exame. Temos que manter toda a estrutura, impressão, o centro de processamento de dados, que envolve a questão da segurança dos dados. É um processo longo e caro. É importante que o CoG entenda essa logística. Se temos a represagem desse custo, em algum lugar a logística será prejudicada para poder ficar dentro do orçamento”, destaca Diego Gonçalves, vice-diretor executivo.

Quem é Renato Sanches Freire

Professor do Instituto de Química da USP, Freire conhece a Fuvest de longa data: já foi candidato e até corrigiu provas – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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O novo diretor executivo conhece bem a parte operacional da Fuvest. Começou como muitos que sonham em estudar na USP: prestando a prova. Desde que se tornou professor da Universidade, atuou como coordenador de primeira e segunda fase e corrigiu provas.

Apesar de ter prestado a Fuvest, sua vida acadêmica começou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde fez sua graduação (1995), mestrado (1998), doutorado (2002) e pós-doutorado (2003) em Química.

Em 2003, iniciou sua carreira como professor do Instituto de Química da USP. Em 2012, obteve o título de professor livre-docente em Química Ambiental, pelo Departamento de Química Fundamental do IQ. Freire tem experiência na área de Química, com ênfase em Análise de Traços e Química Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: processos oxidativos avançados; remediação ambiental; química ambiental; compostos fenólicos; degradação de compostos poluentes; tratamento de efluentes industriais; síntese, caracterização e aplicação de catalisadores.

Quem é Diego Antonio Falceta Gonçalves

Astrônomo, o vice-diretor da Fuvest é professor na EACH – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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O vice-diretor executivo também começou o contato com a Fuvest prestando o vestibular. E desde 2012 trabalhava na coordenação de aplicação de provas.

Formado em Física com Habilitação em Astronomia pelo Instituto de Física (IF) da USP (2000), ele ainda realizou doutorado (2005) em Astronomia pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, além de pós-doutorados na Universidade de Wisconsin (2008), nos Estados Unidos, e na University of St. Andrews (2015), no Reino Unido.

Desde 2010, Gonçalves é professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Em 2011, obteve o título de professor livre-docente pelo Departamento de Astronomia do IAG. Atua na área de Astronomia, ênfase em Astrofísica de Plasmas com aplicações em Astrofísica Estelar, Galáctica e Extra-Galáctica.


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