Cursos da USP: o que faz um profissional de Ciências Atuariais?

Graduação é oferecida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), em São Paulo

 11/08/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 01/08/2019 as 17:55
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Aplicação financeira, uma modalidade de Ciências Atuariais – Foto: Rafael Matsunaga / Flickr via Wikimedia Commons / CC BY 2.0

E se pudéssemos prever o futuro a partir do estudo de todos os riscos que uma situação pode apresentar? Esse é o trabalho de um profissional da área de Ciências Atuariais ou Atuária. A fim de obter os melhores resultados ou atenuar cenários instáveis, o atuário faz análise de riscos e torna o futuro o mais previsível possível.

Oferecido na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, campus Cidade Universitária, em São Paulo, o curso visa a formar profissionais capazes de trabalhar tanto no setor privado, como em seguradoras e mercado financeiro, quanto no setor público, como previdência social.

Embora pareça uma profissão nova, ela é praticada há muito tempo, com registros que remontam à Roma Antiga. Já naquela época, havia uma preocupação de se registrar a natalidade e a mortalidade da população. Porém, foi apenas na Europa do século 18, mais precisamente na Inglaterra, que esses números se tornaram objetos de estudos de um possível problema populacional.

Com o avanço da medicina e as mudanças no padrão de vida da sociedade, a população começou a envelhecer e fez-se urgente o planejamento de políticas voltadas a mitigar os impactos desse envelhecimento. A grande preocupação era a diminuição da capacidade de trabalho. O jovem se vê obrigado a trabalhar por si e pela população idosa. Para isso, foi pensada a criação de um fundo de capitalização para o futuro, o que conhecemos atualmente como previdência. Durante o século 20, com o desenvolvimento da tecnologia, esse problema se acentuou e o trabalho do atuário se tornou fundamental.

O professor da FEA Luiz Jurandir Simões de Araujo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Atualmente, a área não cuida apenas de riscos envolvendo previdência, mas também financeiros e catástrofes naturais. O propósito é trabalhar com qualquer espécie de risco que possa causar grandes impactos na vida das pessoas. Eventos climáticos, bolsa de valores, comportamento populacional também incluem análises da atuária.

“A economia mundial é um conjunto de milhões de atores interligados, empresas, pessoas, bancos etc. É uma grande teia. Quando um fio sacode, toda a teia balança. Para que você tenha essa teia muito sólida, cada pessoa tem que gerenciar o seu risco, porque se cada perturbação afetar todo o resto, você rompe essa teia toda hora”, explica o professor da FEA Luiz Jurandir Simões de Araújo.

O curso de Ciências Atuariais

Um estudante que pretende seguir a carreira de atuário precisa gostar de matemática, avisa o professor Araújo, pois o curso é bastante quantitativo. Durante a criação do curso na USP, houve a dúvida entre colocá-lo vinculado ao Instituto de Matemática e Estatística (IME) ou na FEA. A escolha da escola é importante para determinar o foco do curso.

Em um instituto de matemática, explica a vice-coordenadora do curso, professora Ana Carolina Maia, o foco poderia se voltar para estatística e estudos demográficos. Em uma escola de negócios, o foco inevitavelmente é em mercado financeiro. “O atuário tem um leque de opções para atuar e a FEA apresenta todas essas opções, mas existe um olhar maior para a área de negócios”, afirma. Entretanto, uma nova grade está sendo pensada para unir os dois institutos e dessa forma o aluno ter uma formação mais ampla.

A vice-coordenadora do curso de Ciências Atuariais, professora Ana Carolina Maia – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O curso de Ciências Atuariais da USP existe desde 1964, ano em que se desvinculou do curso de Ciências Contábeis. Porém, ficou desativado de 1993 a 2005, devido à instabilidade causada pelo período da hiperinflação. O cenário instável tornou a análise de riscos impossível. A reabertura ocorreu em 2006, com a proposta de transformar o aluno em um arquiteto financeiro e matemático social. As disciplinas possuem uma carga teórica, mas é majoritariamente composta de estudos de aplicações matemáticas, estatística, economia, probabilidade e finanças.

Embora o estágio não seja obrigatório, muitos alunos optam por fazer, mas só é permitido a partir do segundo ano. A não obrigatoriedade e a proibição no primeiro ano de estagiar abrem oportunidade para os estudantes desenvolverem pesquisas e até realizarem intercâmbios. A possibilidade de cursar disciplinas optativas em outros institutos também é um benefício do curso da USP.

Mercado de trabalho

Luiz Paulo Bueno foi aluno de Atuária de 2006 a 2011 . Hoje, é atuário regional de vida e saúde da Swiss Reinsurance Company Ltd, empresa suíça de resseguros que atua no Brasil. Quando era estudante do ensino médio, ainda não conhecia a área, mas já tinha aptidão para matemática e probabilidade. Conheceu Ciências Atuariais enquanto pesquisava profissões. A representação de um homem segurando uma calculadora e uma ampulheta no Guia do Estudante chamou sua atenção para o mundo dos negócios.

Começou a trabalhar na área já no segundo ano de curso. Segundo ele, encontrar vaga no mercado não é uma dificuldade para o atuário, pois há uma grande demanda pelo serviço e poucos profissionais. “Em todo evento, que tem uma probabilidade de ocorrência ou não e dele resulte a perda ou um ganho financeiro, existe o envolvimento de um atuário, por isso ele é tão importante e requisitado.”

Luiz Paulo Bueno fez o curso de Ciências Atuárias na USP entre 2006 e 2011 – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em 2014, Bueno ganhou o prêmio internacional de atuária da resseguradora francesa Scor por sua tese Brazilian Long Term Care Plan: an Evaluation Based on the Singaporean Model, em que estudou casos de sucesso de planos de longo prazo no exterior e maneiras de replicar no Brasil.

Outro profissional formado no curso da FEA é Ziyan Wang. Ele concluiu a graduação em 2016 e também está trabalhando com o mercado de seguros. Inicialmente, ele entrou na USP para fazer o curso de Estatística. Ficou no curso por dois anos até um amigo, que havia feito Atuária, comentar sobre a carreira. “Um curso que envolvia cálculo estatístico, de risco, mas que também tem a parte de humanas acabou me chamando a atenção.” O atuário lamenta pelo curso ser pouco conhecido.

Luiz Paulo Bueno concorda que o desconhecimento da área é o fator mais preocupante, pois causa ausência de profissionais em um mercado tão amplo. “Quando você faz um curso que é desconhecido do público, torna-se o embaixador dele. Alguns cursos, por mais amplos ou profundos que sejam, se são de conhecimento do público, os alunos não precisam ir além [para divulgar]. Atuária não, ele precisa da nossa voz para dizer o que fazemos e isso é importante. Muitas empresas sequer sabem que nós existimos.”

Quer conhecer mais sobre o curso?

No site da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, você encontra

Formas de ingresso

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