HackathonUSP traz soluções tecnológicas para melhorar pesquisa

Estudantes da Universidade desenvolveram projetos em maratona de programação

 12/09/2017 - Publicado há 7 anos
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O hackathon é uma competição em uma maratona de programação – Foto: HackathonUSP 2017

Muitas das evoluções da tecnologia surgem graças à pesquisa científica. Por que, então, os pesquisadores não usam dos benefícios da tecnologia para otimizar os seus trabalhos? Tendo essa pergunta como ponto de partida, o Núcleo de Empreendedorismo da USP – NEU e o USPCodeLab (antes chamado de IME Workshop), em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da USP, organizaram o HackathonUSP 2017, entre os dias 19 e 20 de agosto.

Esta foi a terceira edição do evento, que teve como tema Utilizando a tecnologia para melhorar a produção científica. Apesar de uma predominância de alunos de Ciências da Computação (curso do IME), o evento também atraiu estudantes da Escola Politécnica (Poli), da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), de Ciências Moleculares (CCM) e da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC).

Projetos

Equipe Digital​ ​Experiments​ ​-​ ​1º​ ​lugar – Foto: HackathonUSP 2017

Com base no macrotema, a organização apresentou três linhas de dificuldades da comunidade científica como sugestões de problemas a serem trabalhados.

“A falta de organização das pesquisas, a falta de informação, em que tudo é muito disperso e não há conhecimento sobre os protocolos de como começar uma pesquisa em laboratório, e a falta de colaboração entre pesquisadores. São os gaps que encontramos em conjunto com a Pró-Reitoria e trouxemos aos participantes”, explica Camila Yamashiro, presidente do NEU.

As sugestões, porém, não eram regras. Projeto vencedor do HackathonUSP 2017, o Digital Experiments trouxe como proposta auxiliar pesquisadores no cumprimento de protocolos em experimentos laboratoriais, com uma plataforma na qual o protocolo escrito é transformado em pequenos segmentos, com um passo a passo.

A solução foi proposta pelo grupo formado por Pedro Teotonio de Souza, Enzo Hideki e Pedro Bortolli, graduandos de Ciências da Computação no IME, e André Marcos Perez, aluno de Engenharia Elétrica da EESC.

Equipe WeResearch​ ​-​ ​2º​ ​lugar – Foto: HackathonUSP 2017

“A ideia original é minha e da Luíza Zuvanov, estudante de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília. A história começou na Universidade de Glasgow, durante nosso intercâmbio. Lá, depois de trocar experiências sobre nossas áreas de estudo, vimos que a engenharia poderia ajudar a solucionar muitos problemas da biologia”, conta André.

Inicialmente nomeado como Biotech, o projeto da dupla se reformulou e passou a ser a startup beThink. A partir da beThink, os participantes da HackathonUSP desenvolveram o Digital Experiments.

“A ideia é inverter o fluxo da informação. O pesquisador escolhe o experimento e o software diz qual é o passo que deve ser feito naquele momento, além de indicar quais dados devem ser coletados naquela etapa. Por fim, o próprio software gera um relatório dos experimentos, não sendo mais necessário perder tempo anotando-os nos cadernos de laboratório”, explica o estudante de Engenharia Elétrica. Com a plataforma, evitam-se erros e desperdício de recursos.

O segundo lugar da disputa ficou com a equipe responsável pelo WeResearch, composta de Anderson Andrei da Silva, Leonardo Lana de Violin Oliveira, Bruno Boaventura Scholl e Victor Seiji Heriki, todos graduandos de Ciências da Computação.

Equipe Proton​ ​-​ ​3º​ ​lugar – Foto: HackathonUSP 2017

O projeto desenvolveu uma plataforma em que pesquisadores podem submeter suas necessidades de pesquisa e ajudar uns aos outros.

“Por exemplo, você tem uma pesquisa em que 50 pessoas precisam preencher um formulário, ou necessita de uma centrífuga específica. Você submete essa necessidade na plataforma e quem te ajuda ganha créditos, subindo no pagerank de submissões. Ou seja, quanto mais você ajuda, mais você aparece para ser ajudado”, explica um dos integrantes do grupo, Leonardo Lana.

A terceira colocação ficou com o Proton, projeto desenvolvido pelos alunos de Ciências da Computação ​Marcos Vinicius do Carmo Souza, Felipe Caetano Silva, Lucas Seiki Oshiro e Matheus Tavares Bernardino. A ideia é criar uma plataforma que unifique a divulgação de vagas de iniciação científica.

Funcionamento

Em um hackathon — junção da palavra hacker com marathon (maratona, em inglês) — os participantes têm um período de tempo para desenvolver um protótipo de software (aplicativo, sistema web etc.) ou de hardware que proponha uma solução para um problema pré-definido. No caso do HackathonUSP 2017, após palestra introdutória da Pró-Reitoria de Pesquisa e apresentação da organização, os 50 participantes, divididos em 13 equipes de três a quatro membros, tiveram cerca de 20 horas para realizar a tarefa.

Prêmio para os vencedores da competição- Foto: HackathonUSP 2017

Apesar do pouco tempo para construir algo tão complexo, o nível dos projetos surpreendeu a organização e a banca de juízes, que, além de premiar os três melhores projetos, distribuiu quatro menções honrosas. “Estava presente na escolha, embora não fosse um dos juízes, e foi um processo bastante concorrido, com vários projetos interessantes”, conta Renato Cordeiro, fundador do USPCodeLab. A definição se deu por quatro critérios: criatividade, design, impacto e funcionamento.

Competidores durante a disputa na USP – Foto: HackathonUSP 2017

A escolha dos vencedores ocorreu após cada grupo apresentar um pitch para a banca. “Pitch é uma apresentação curta, de três minutos, em que se apresenta a ideia de maneira mais sucinta. A parte mais importante é você mostrar como trabalhou com a ideia durante o período de desenvolvimento”, explica Camila Yamashiro, presidente do NEU. “Existe o desafio de em três minutos representar qual o seu problema, qual a sua proposta de solução, por que ela é interessante e tem potencial de ser a vencedora do evento”, complementa Cordeiro.

Aceleração

Apesar de ser uma maratona de apenas 24 horas, o HackathonUSP não acaba quando os prêmios são distribuídos: a ideia é que os projetos prossigam. Para isso, o NEU vai iniciar um programa de pré-aceleração com os três vencedores — mas aberto aos outros projetos — neste mês de setembro.

“O programa vai ajudá-los a transformar o que eles produziram em um negócio futuro”, explica a presidente do NEU. “Por parte da Pró-Reitoria de Pesquisa, a ideia é que os projetos que realmente forem para frente tentem ser implantados, porque muito deles podem se tornar soluções viáveis e úteis para o público da Universidade”, completa Cordeiro.

O NEU, a PRP e o USPCodeLab pretendem promover um novo Hackathon já em 2017, mas o evento não tem data definida. Para mais informações sobre o HackathonUSP 2017 e os projetos participantes, basta acessar: https://hackathonusp2017.devpost.com/.


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