Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli completa 25 anos

Professora acompanhou a formação do departamento e sua importância para inserir o Brasil no ambiente digital

 13/09/2016 - Publicado há 8 anos

O Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) na Escola Politécnica (Poli) da USP completa 25 anos. Professora da USP desde 1972, Maria Alice Ferreira presenciou o surgimento do departamento e ministrou diversas disciplinas de software básico, dentre elas Compiladores, Linguagens de Programação, Sistemas Operacionais, Estruturas de Dados e, mais recentemente, Engenharia de Software. A professora também tem trabalhado com Computação Gráfica e áreas correlatas, como Modelagem Gráfica e Interfaces Humano-Computador (IHC).

Profª Maria Alice Ferreira | Foto: Nilton Araújo do Carmo
Professora Maria Alice Ferreira – Foto: Nilton Araújo do Carmo

Maria Alice considera o PCS um departamento relativamente novo e recorda o histórico de seu surgimento. “O PCS foi criado nos anos 1980 quando a Escola Politécnica iniciou o curso de Engenharia de Computação. Nessa ocasião, pertencíamos a um grande Departamento de Engenharia Elétrica, com inúmeras especializações diferentes e mais de 200 professores, o que dificultava a administração. O departamento foi quebrado em cinco outros, sendo o PCS um deles.”

A professora conta também que o núcleo original do PCS foi um laboratório fundado no final dos anos 1960, o Laboratório de Sistemas Digitais (LSD), chefiado pelo professor Antonio Hélio Guerra Vieira, e que na época só existiam computadores de grande porte, importados e com preço elevado. Foi o chefe do laboratório que percebeu a importância que o estudo das técnicas digitais viria a ter no futuro e a necessidade de se abordar disciplinas nessa área num curso de Engenharia Elétrica.

Iniciou a pós-graduação logo depois de formada, porque sentia-se “fossilizando” ao trabalhar somente com a execução dos trabalhos de Engenharia. Nessa ocasião, o LSD começou o projeto e a construção do que viria a ser o primeiro computador brasileiro, intitulado “Patinho Feio”.

A professora Maria Alice considera que presenciou de perto o advento da computação no Brasil, já que cursou a primeira pós-graduação inaugural do LSD, em 1970, e, desde então, manteve-se na área. Ela complementa afirmando que “na ocasião ninguém imaginava que em poucos anos traríamos na bolsa uma miniatura de computador (o chamado celular) muito mais potente do que qualquer dos grandes computadores da época, em cuja sala só entrávamos com hora marcada”.

“A experiência é e sempre foi muito boa e extremamente gratificante. Os alunos da Poli são motivados, dedicados e curiosos, sempre procurando encarar novos desafios”, diz Maria Alice. Por essa razão, o idealismo foi o toque especial crucial para o desenvolvimento do departamento nesses 25 anos, já que a maior característica do grupo sempre foi a crença no quanto poderiam contribuir para o futuro do Brasil com trabalho e pesquisas desenvolvidas pelos professores e alunos. “Uma prova disso são os projetos de formatura que sempre desenvolvem ideias originais e voltadas para as necessidades da sociedade”, explica.

O diferencial do PCS, sendo parte da USP e da Poli, é a pesquisa como foco principal, aplicando os conhecimentos adquiridos através dessa na idealização dos cursos de graduação e pós-graduação. Outro fator de sucesso do PCS, ressaltado pela professora, foi o planejamento de todas as atividades através da realização de workshops internos para melhor andamento dos cursos. O departamento sempre busca colher opiniões de todos os professores a respeito das mudanças previstas ou necessárias. Sendo assim, um ponto forte do departamento salientado pela professora Maria Alice é a circulação das informações mais importantes de forma transparente, permitindo a discussão construtiva. “É uma forma também de realizar controle de qualidade daquilo que se faz. Qualidade sempre foi uma meta perseguida pelo PCS”, declara.

Há quase meio século ministrando aulas na USP, Maria Alice Ferreira acompanhou grandes mudanças no mundo, transformando completamente os cursos de graduação e pós-graduação. Já que a tecnologia se desenvolve exponencialmente, para contemplar o avanço e a modernização, o PCS expandiu sua quantidade de laboratórios temáticos, criando, por exemplo, o Interlab – Laboratório de Tecnologias Interativas – que se dedica aos estudos de aplicações de Realidade Virtual e Aumentada e Jogos Digitais, do qual a professora participa.

Maria Alice Ferreira tem a sensação de dever cumprido ao ver o Brasil plenamente inserido no ambiente digital e saber que o PCS teve parte significativa nesse processo de inserção. Deve-se comemorar, nesses 25 anos de PCS, a realização de sonhos da década de 1970 e o incentivo a novos sonhos, para daqui a 25 anos.

Com informações da Jornalismo Júnior/Poli


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