Curso de Obstetrícia propõe inovações para serviços públicos de saúde

Sangue de menstruação como adubo, oficina de costura e coletivo de saúde mental estão entre as inovações

 13/12/2017 - Publicado há 6 anos
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Professora Eunice e parte das alunas que propuseram projetos inovadores para serviços públicos de saúde – Foto: Reprodução

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Uma das disciplinas ministradas no curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, é Administração dos Serviços de Atenção à Saúde. A matéria, que apresenta conceitos básicos de administração e sua relação com diferentes modelos de gestão em saúde, pretende estimular os graduandos a reflexões sobre possíveis contribuições teórico-práticas no campo da administração.

A disciplina é obrigatória para os alunos do 4º ano. Nesse mesmo período, os estudantes vivenciam a prática da disciplina através do estágio em hospitais, Unidades Básicas de Saúde e Casas de Parto.

Neste ano, a professora Eunice Almeida da Silva, responsável por ambas as matérias, propôs uma forma diferente de avaliação para os alunos: a realização de Seminários de Inovações. “Trata-se de uma estratégia de ensino para expor novidades aos serviços públicos de saúde sobre temáticas desenvolvidas durante o curso. A ideia é que os melhores projetos sejam aplicados no ambiente de trabalho dos estagiários das turmas seguintes.”

Para realização desses trabalhos de conclusão de disciplina, as alunas – a turma é composta só de mulheres – foram divididas em grupos. Juntas, escolheram um tema, descreveram como este foi percebido durante a vivência nos locais de estágio e propuseram inovações para melhorar a realidade observada. Por fim, orientaram a implementação do projeto.

Depois de apresentados, os seminários foram avaliados pela professora Eunice, com auxílio da professora Graciene Lannes e as monitoras Letícia Rodrigues e Mariana Silva. Dentre os critérios avaliativos estavam embasamento teórico, pertinência da proposta e descrição da vivência. A partir dessa avaliação, foi criado um ranking de classificação dos seminários.

Curso de Obstetrícia é oferecido na EACH, campus da USP localizando na zona leste de São Paulo – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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Melhores propostas

Neste ano, o vencedor foi o projeto de reaproveitamento do sangue menstrual como adubo para o jardim de uma UBS localizada na zona leste. A equipe responsável pelo jardim seria composta de mulheres atendidas na UBS, profissionais de saúde e estudantes de Obstetrícia da EACH.

Em segundo lugar ficou a proposta de capacitar as usuárias da UBS do Jardim Keralux para consertar e reformar roupas de crianças. A equipe seria formada por mulheres atendidas na UBS, representantes da comunidade Keralux, estudantes dos cursos de Obstetrícia e de Têxtil e Moda da EACH. As roupas reformadas seriam expostas em um brechó na Associação do Bairro e comercializadas, com o intuito de gerar renda para as próprias mulheres.

A ideia do gerenciamento de um coletivo para garantia da Saúde Mental dos estudantes da EACH conquistou a terceira posição. A proposta é que os membros do coletivo sejam alunos, professores e funcionários. O grupo atuaria de forma independente e o gerenciamento se daria de maneira horizontal, sem hierarquia. As atividades propostas seriam, entre outras, arte-ativismo e projetos socioculturais e comerciais-cooperativos.

Essas três inovações mais bem posicionadas serão colocadas em prática já em 2018. Os alunos do 2º ano da graduação, que estarão no estágio de administração, aplicarão as propostas em seus ambientes de atuação no ano que vem. Os alunos veteranos auxiliarão os novatos durante a implementação dos projetos.

A respeito da impressão sobre esse primeiro ano de aplicação dos Seminários de Inovações, a professora Eunice diz ter considerado a ação muito positiva, tanto para ela quanto para as alunas. “Os seminários criaram um ambiente muito competitivo e muito produtivo também”, conta. A partir do entendimento dos serviços de atenção à saúde como um espaço social, cultural, político e econômico em constante desenvolvimento, a ideia é manter a estratégia de ensino e avaliação para os próximos anos.


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