João, o patrono da turma de engenheiros 2017 da USP em São Carlos

Recém-formados reconheceram o trabalho do funcionário, que está há 51 anos na USP, e o convidaram para ser patrono

 17/05/2018 - Publicado há 6 anos
João Betoni trabalha na Escola de Engenharia de São Carlos desde 1967 – Foto: Divulgação / Rever formaturas

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Quando João Betoni recebeu o e-mail da comissão de formatura, achou que a mensagem tinha outro destinatário, afinal, tratava-se do convite para patrono da Turma 2013-2017 da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.

Chegou até a procurar a Assistência Acadêmica, mas não restou dúvida. Os alunos haviam escolhido a ele, o servidor técnico-administrativo da EESC, para receber a distinta homenagem, durante o evento mais representativo da conquista acadêmica.
“No começo, eu fiquei surpreso e também preocupado, porque patrono é alguém muito importante e eu sou apenas um funcionário, do que muito me orgulho”, relata Betoni, do Serviço de Graduação.

Em parte, ele tem razão. De acordo com as definições protocolares, patrono é a posição máxima na hierarquia das homenagens, sendo uma personalidade considerada referência para os formandos, um profissional admirado e reconhecido pela turma pela competência e padrão na área de atuação.

A presidente da Comissão de Formatura, Joyce Costa, por outro lado, conta que houve concordância geral dos cursos quanto à indicação do homenageado. “Explicamos para todas as turmas o conceito e a importância dessa figura, que seria a cara da turma. Como faríamos uma eleição, deixamos aberto para que apontassem o homenageado, que poderia ser alguém do meio político ou artístico, da sociedade e da USP. Todos escolheram o Joãozinho.”

João é cumprimentado pelo diretor da EESC, Paulo Sergio Varoto – Foto: Divulgação / Rever formaturas

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E por quê? Qual a grande identificação entre o funcionário administrativo e os ideais da nova geração de profissionais que se formam? Uma das alunas é rápida e convicta na resposta: “Ele é empático, justo e faz o que ama, sem esperar nada em troca. É uma pessoa acessível para os alunos, que auxilia e orienta a todos da melhor forma para resolver um problema.”

A Turma 2013-2017 é composta de formandos de dez cursos de graduação em engenharia, sendo um deles oferecido em parceria com o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

Dia da formatura

No dia 1° de março, dia da cerimônia de formatura da Turma 2013-2017, João foi anunciado pelo mestre-de-cerimônias. Cruzou a plateia, passou pelos mais de 160 formandos e tomou assento à direita do diretor da EESC, professor Paulo Sergio Varoto, na mesa de honra da sessão solene.

“Senti muita alegria e satisfação por estar ali, por estar representando o trabalho de uma equipe e dos demais colegas. Eu já vi, naquele lugar, o governador do Estado, o astronauta brasileiro, ministro de Estado, grandes empresários e muitas outras autoridades”, descreveu Betoni, destacando o privilégio de estar ao lado do Varoto, que ele conheceu quando o professor ainda era aluno, depois docente, presidente da Comissão de Graduação e, agora, diretor da escola.

“Para nós, gestores, é um orgulho ver um funcionário receber esse reconhecimento tão distinto, sem dúvida, resultado de muita dedicação, trabalho e prazer pelo que faz”, destacou o diretor, que aproveitou a oportunidade para agradecer a todos os servidores técnico-administrativos da unidade “pelo imprescindível e absolutamente importante trabalho que fazem todos os dias do ano”.

A inusitada escolha do patrono acabou norteando a mensagem da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, na época, professora Ana Cristina Limongi-França, dirigida aos formandos. “(…) tanta emoção, mostra que temos chance de um Brasil melhor, que realmente há possibilidade de se construir lideranças mais éticas, mais responsáveis, valorizando os laços afetivos e a família. A escolha do patrono, o João, como referência de vida, é uma mudança de paradigma importante, porque não é um engenheiro, e sim alguém que estava do lado, acolhendo e ouvindo.”

A história do patrono

João Batista Betoni, 66 anos, chegou à Escola de Engenharia de São Carlos, em 1967, como menor patrulheiro do Departamento de Hidráulica e Saneamento. Três anos depois, foi aprovado em concurso e ingressou no Serviço de Graduação da unidade, onde ocupou o cargo de chefia e está até hoje. Embora nunca tenha pensado em deixar a USP, formou-se em Direito em 1989, visando a aprimorar seu trabalho na seção e conquistar melhores oportunidades profissionais.

Foto: Divulgação / Rever formaturas

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Casado, pai de duas filhas e avô da Júlia, se emociona ao falar da família e sua relação com o ambiente de trabalho. “A USP me ajudou muito a construir minha família. Tudo isso faz parte da minha jornada, da minha vida.” A esposa, Maria Dolores, também foi servidora da Universidade, e as filhas, Vivian e Vanessa, são formadas em Fonoaudiologia pela USP, em Bauru, e em Enfermagem pela USP, em Ribeirão Preto.

Na rotina administrativa, participou da evolução dos processos operacionais, de uma época de máquinas de escrever e papel carbono para a agilidade dos meios digitais, viu o número de alunos se multiplicar (de dois para dez cursos de graduação) e acompanhou a mudança das gerações.

“O perfil dos alunos mudou bastante, eram mais maduros e com um tipo de experiência de vida. Hoje eles são mais novos e com mais acesso a informação, abrindo outras portas”. Gosta de atender no balcão da Seção de Graduação e faz uma brincadeira para exemplificar a mudança de comportamento: “Tem aluno que a gente vê no dia da matrícula e depois, no dia da colação de grau. O atendimento fica pelos meios eletrônicos. Temos que nos adaptar, será assim daqui para a frente.”

Além de patrono, Betoni também foi o funcionário homenageado da turma 2017, distinção que ele tem acumulado ao longo dos anos, turma após turma.

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Edmilson Luchesi/ Assessoria de Comunicação da Prefeitura do campus USP São Carlos

 


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